segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

A política necessária
















A imprensa tucana fará semanas de propaganda sobre a “imensa derrota” do governo federal na eleição da presidência da Câmara. Como sempre, a blogosfera endossará a pauta com previsões catastróficas, inclusive o impeachment.

Isso tudo apenas enfraquece a imagem política de Dilma Rousseff, tornando-a ainda mais refém da súcia fisiologista que abraçou Eduardo Cunha. Pois o objetivo da gangue (e da oposição) não é derrubar a presidenta, e sim imobilizá-la sob a ameaça do caos, numa sangria permanente dos recursos federais que inviabilize o projeto petista.

O que o Planalto precisa entender é que o esforço para manutenção da governabilidade depende da governabilidade resultante. Se as coalizões vigentes só produzem esse esculacho conservador que barrará todas as iniciativas progressistas da sociedade, chegou a hora de discutir seriamente a relação.

O volume de cargos distribuídos para a base aliada é incompatível com a votação recebida por Arlindo Chinaglia (PT). O governo absorve centenas de apaniguados obscuros de caciques indiferentes a qualquer plataforma de esquerda, para receber uma cínica traição no primeiro teste de fidelidade? E o PT aceita ser tratado como coadjuvante no seu próprio terreno?

O momento exige uma reconfiguração urgente no diálogo político entre Executivo e Legislativo. Não é apenas uma questão de malícia, mas também de responsabilidade perante os eleitores que endossaram as gestões de Lula e Dilma. O governo deve usar o poder que ainda lhe resta, se pretende possuir algum no médio prazo.

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