sábado, 15 de março de 2008

O martírio de Serra

Em local destacado da Folha de São Paulo (caderno Brasil, alto de página ímpar), surge a seguinte manchete: "Serra cede a pressão do PSDB e aumenta viagens pelo Brasil". A repórter Catia Seabra diz que o governador paulista continuará viajando pelo país porque "se rendeu ao argumento" de seus partidários. O melhor vem em seguida: "Segundo tucanos, Serra acompanha, apreensivo, a constante movimentação de Aécio. Até fevereiro, ele resistia aos apelos do aliados para que viajasse mais".
Ah, entendi. Serra não está viajando pelo país, com dinheiro do erário paulista, para realizar acordos eleitorais visando 2010. Ele está sendo forçado a isso por correligionários. É um sacrifício em nome da coesão partidária. O mesmo tipo de autoflagelo que ele fez quando foi obrigado a abandonar a prefeitura de São Paulo nas mãos de um malufista, para candidatar-se a governador.
Quem serviu de fonte para a repórter? Tucanos. Quando? Onde? Não importa. Para o jornalismo ornitólogo, é suficiente espalhar as boas intenções de nosso governador abnegado, exceção honrosa em meio a tantos sacripantas que só pensam em seus benefícios eleitorais. Serra não, coitado, ele faz a contragosto.
Depois, quando o cidadão diz para a esposa que só tomou a saideira porque os amigos o pressionaram, ela não acredita. Mundo injusto.

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