sexta-feira, 16 de maio de 2008

O apagão paulista

Publicado na revista Caros Amigos, em maio de 2008

A prosperidade econômica, a soberba local e a cumplicidade da grande imprensa ajudam a dissimular os desastres administrativos que acometem o estado de São Paulo: colapso carcerário, truculência policial impune, concessões rodoviárias obscuras, corrupção nas autarquias, ineficácia dos cargos comissionados, pauperização dos hospitais, lentidão judiciária. Nenhuma dessas áreas, entretanto, apresenta-se em condições tão dramáticas quanto a Educação e os Transportes.
Os professores enfrentam salários miseráveis, escolas sucateadas, superlotação, coordenadores mal-preparados. A Progressão Continuada foi instituída sem a participação do corpo docente (que sequer recebeu treinamento apropriado) e transformou-se num sistema de promoção automática dos maus alunos. A maioria dos estudantes paulistas chega à quinta série tecnicamente analfabeta e segue com enormes lacunas de aprendizado. O Estado está abaixo da média nacional em várias disciplinas e ocupa os últimos lugares nas comparações com países de renda equivalente.
O trânsito na capital exibe outra chaga vergonhosa. Congestionamentos imensos ocorrem em qualquer horário, vitimando milhões de pessoas todos os dias. A mídia tenta culpar os carros, aludindo a outros centros urbanos caóticos, mas não consegue esconder que a ruína paulistana advém da ridícula insuficiência de sua malha metroviária – planejada para inibir o acesso das populações de baixa renda ao centro da cidade, a edifícios e parques públicos. Seus parcos avanços atuais, quando sobrevivem a crateras inexplicáveis, perpetuam esse projeto excludente.
Eis o retrato do Estado mais rico do país, cuja arrecadação anual chega a R$ 90 bilhões. O PSDB administra-o há treze anos. Quatro mandatos seguidos, dominando a Assembléia, para chegarmos a isso.

Um comentário:

Anônimo disse...

Olá Guilherme,muito pertinente essa matéria. É até revoltante ver uma administração tão fraca como ocorre no Estado de São Paulo e nada muda. A educação realmente é uma das piores do Brasil. Outrossim, tema que valeria uma reportagem específica é sobre a concessão de rodovias, cujo pedágio, segundo estudos divulgados na mídia, é o mais caro do planeta.
Abs.
Alexandre N. Silva
São Paulo/Capital