segunda-feira, 30 de junho de 2008

Inflação, o retorno

A imprensa oposicionista começa a fazer um grande escarcéu em torno da inflação crescente. Nos meses vindouros, de sapecagens eleitoreiras, a onda ganhará vapores de campanha nacional. Dois exemplos recentes podem ser verificados na Folha e no Estadão.
O fenômeno inflacionário é mundial e possui origens variadas, incluindo algumas que remontam a tabus incômodos para veículos informativos de muitas nacionalidades. Culpar o protecionismo agrícola dos países europeus, por exemplo, significaria avalizar a correta posição da diplomacia comercial brasileira, além de ajudar a esclarecer a prática abusiva e inaceitável de países como França, Alemanha e Itália.
É mais fácil esquecer a conjuntura internacional e fingir que se trata de uma demonstração de incompetência exclusiva do governo Lula. E a estratégia é facilitada por motivações localizadas, oriundas do contexto eleitoral. A imprensa paulista procura amenizar o impacto político negativo dos reajustes dos pedágios, fazendo sua alíquota parecer inevitável e responsabilizando as esferas federais por desvios tolerados nas administrações PSDB-DEM (PFL).
Os comentaristas marqueteiros não têm vergonha da incoerência ostensiva. Reivindicam para FHC a paternidade da economia estável e do crescimento econômico, mas é claro que o modelo herdado por Lula só revelou-se vulnerável agora. A alta da inflação (ou sua ameaça) serve como outro parâmetro simbólico de semelhança entre os dois presidentes, resultando na anulação das especificidades do atual. Confirmados os piores temores, será a crise que faltava para selar a tese de que Lula não tinha projeto sólido para a área. Caso contrário, voltaremos à apologia da bonança criada por seu antecessor.
Em qualquer circunstância, os “especialistas” saberão culpar juros, gastos públicos e câmbio. Nenhum gênio abandonará as generalidades óbvias para expor alternativas claras e sensatas que permitam combater a alta dos preços sem empurrar o país para a estagnação, a recessão ou uma crise de abastecimento.

Atualização em 1º de julho de 2008: Outro exemplo da partidarização de temas econômicos apareceu hoje nas manchetes sobre a última pesquisa CNI/Ibope. Quase todas vão na linha da Folha: "Lula segue popular, mas medo da inflação cresce, diz pesquisa". Como assim, "mas"? O que a imensa popularidade do petista tem a ver com o receio popular de que os produtos fiquem mais caros? E por que os dois únicos gráficos da "matéria" são restritos à inflação? Assinantes podem conferir aqui.

2 comentários:

bruzundangas disse...

ainda bem que eu nao leio essas nojeiras do tipo estadao e folha,por isso ,estou imune as suas manipulacoes!!

iendiS disse...

Vejam no link que postarei a inflação de 2002, no melancólico último ano de FHC. Vejam também qual era a meta daquele ano!
http://www.bcb.gov.br/Pec/metas/TabelaMetaseResultados.pdf

Se quiser, leia também: http://sidnei-quasetudo.blogspot.com/2008/07/possvel-lado-bom-da-perseguio.html

Obrigado!