quarta-feira, 30 de julho de 2008

A vez do Grego

A seleção brasileira masculina de basquete não conseguiu classificar-se para os Jogos Olímpicos de Pequim, repetindo o que ocorreu em 2000 e 2004. O técnico espanhol Moncho Monsalve foi chamado às pressas para operar o milagre de passar por um torneio pré-olímpico sem a maioria dos jogadores titulares. A evolução técnica do time foi considerável, para os limitados recursos humanos e cronológicos disponíveis, mas insuficiente.
A responsabilidade direta pela desclassificação cabe à ausência dos astros do time, que jogam na liga estadunidense NBA e misteriosamente contundiram-se ao mesmo tempo. Tamanha uruca não tem nada de fantasmagórica. Para um atleta profissional, escolado em dores variadas, é fácil convencer o médico de que possui uma lesão qualquer. Quem treina e joga diariamente acumula pequenas contusões que, em tese, exigiriam o repouso do guerreiro. Os times, que pagam salários e seguros milionários, acatam sintomas e pareceres imediatamente, sem pestanejar; pelos cartolas, nenhum jogador (de qualquer modalidade) deveria arriscar-se defendendo uma seleção.
Acontece que nossos basqueteiros odeiam o dono da modalidade no Brasil, Gerasime Bozikis, que atende pela alcunha de Grego. É o Ricardo Teixeira da modalidade, centralizador e autoritário, acusado de inúmeras irregularidades e incompetências, há onze anos na direção da Confederação Brasileira de Basquete. O boicote contra Grego estava sendo anunciado há alguns anos, individualmente, mas concretizou-se de forma semicoletiva agora. Sabedores de sua importância crucial para a classificação à Olimpíada, os craques da seleção talvez tenham preferido ajudar a afundá-la, evitando prestigiar o dirigente. E, convenhamos, dá para desconfiar: há poucas lesões graves o suficiente para impedir um atleta consagrado de jogar, ou pelo menos acompanhar o grupo, se ele quiser realmente.
Pessoalmente, se isso realmente ocorreu, repudio a decisão dos jogadores. Eles teriam sido hipócritas e covardes, exagerando ou fingindo problemas físicos no lugar de assumir suas posições (atitude muito mais eficaz em termos políticos). A desmoralização do time significou um prejuízo irrecuperável para o esporte, que ainda sofre de amadorismo, conflitos de egos e descrédito. Quaisquer que tenham sido suas motivações, os jogadores ausentes prejudicaram os companheiros de equipe e outros milhares de atletas da modalidade. Patriotismos à parte.
Mesmo sendo responsável por todas as últimas ausências brasileiras em Olimpíadas, Grego quer novo mandato à frente da CBB (veja aqui). Mobilização generalizada, com apoio do Judiciário e do Ministério dos Esportes, deveria impedir essa desfaçatez antes que, novamente, seja tarde demais.

Comentário de Guilhermé, em 30 de julho de 2008: Guilherme, apesar de concordar com vc quanto a hegemonia grega no basquete nacional, não creio q tenha sido esta motivação. A ausência obedece vários fatores como os produtos administrados a estes jogadores na NBA e que são proibidos em competições internacionais e o seguro milionário q deve ser pago para atuar fora da NBA (jogadores alemães e espanhois o pagam do próprio bolso). É claro que a possibilidade de elevar o nome do nefasto dirigente desestimula, mas jogadores vitoriosos têm muito mais poder de mudança que jogadores q acumulam insucessos pífios como a equipe de basquete masculino. A contratação do técnico espanhol se mantida a longo prazo será importantíssima para evolução do esporte no país, assim como aconteceu na ginastica olímpica.

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