terça-feira, 2 de setembro de 2008

Breve balanço olímpico

Antes que o assunto vire paçoca, aí vão alguns comentários tardios sobre Pequim/08.

- O rendimento da delegação brasileira foi decepcionante em vista dos investimentos públicos realizados. Poderíamos citar avanços importantes e pouco visíveis, mas a conta não bate. É necessário promover um amplo debate sobre o custeio do esporte de alto rendimento. Deve-se deixá-lo à iniciativa privada, mesmo que não haja qualquer apoio a determinadas modalidades? O discurso educacional é balela: não se aprende taekwondo, saltos ornamentais ou canoagem na escola.

- A inesquecível final do basquete masculino demonstra que a hegemonia dos EUA está com os dias contados. O motivo simples é que o padrão da NBA já chegou ao domínio de outras potências do esporte. A afirmação ainda parece estapafúrdia graças à subserviência da crônica brasileira e à proverbial petulância estadunidense. Mas tanto melhor: quando acontecer, o tombo geral será mais saboroso.

- O futebol olímpico, feminino e masculino, vai acabar. A qualidade técnica é baixíssima, incompatível com os gastos e a infra-estrutura exigidos pelas competições. Os jogadores dão perdigotos para medalhas e preferem não se arriscar a lesões e constrangimentos públicos. A FIFA quer prestigiar apenas as Copas, e conta com a anuência óbvia dos clubes, que mantêm as confederações, que mantêm a própria FIFA.

- A preocupante quantidade de revezes causados por instabilidade emocional demonstra a urgente necessidade de se reformular por completo o acompanhamento psicológico das delegações brasileiras. A ausência de Ricardinho no vôlei nasceu num entrevero personalista que poderia ser contornado com diplomacia e rigor. O mesmo vale para o auto-suficiente Jadel Gregório e quase todo o time da ginástica. O choro de Jade Barbosa no desembarque em Pequim foi algo inaceitável para atletas de sua categoria.

- A Globo perdeu os direitos de transmissão do Pan-Americano de 2011 e das Olimpíadas de Londres. Como conseqüência, o maior grupo de comunicação do país tende a boicotar o esporte olímpico. Péssima notícia para as equipes que dependerão de patrocínio privado, que investe em troca de visibilidade.

2 comentários:

Erika Is disse...

É uma pena ver grandes investimentos para esportes no qual os atletas parecem não reconhecer o valor de uma medalia olímpica como é o caso do futebol masculino. Afinal de contas o que é uma simples medalia perto dos contratos milionários que os jogadores de futebol tem?
O que é uma vergonha é termos que ver tantos atletas em situação oposta, muitos deles sem infra-estruturas adequadas para treinamentos, muitos deles sem patrocínio, muitos deles mesmo sem condições adequadas treinam muito para fazer uma boa apresentação e conseguir uma medalia. Por isso não importa o nível do atleta... o choro na derrota reflete a decepção por anos de treinamento, reflete a decepção por decepcionar seus parentes, seus fãs... muitos atletas são super-heróis, são máquinas, mas é bom vê-los agindo como seres humanos de vez enquando.

Anônimo disse...

Acredito que devemos separar em duas partes os esportes olímpicos: os que tem investimento e os que não tem investimento.
É irritante ver a equipe de ginástica, por exemplo, comemorar os resultados de 10o lugar como se fosse vitória. Para o esporte olímpico que possui maior investimento, ginásio exclusivo, seleção permanente etc, isso não pode acontecer e tem que ser cobrado sim.
Agora, cobrar da equipe de boxe, por exemplo, um melhor desempenho é pedir para ser retrucado por esses atletas que brigam com o pouco dinheiro que possuem por um lugar ao sol.

Esportes como ginástica olímpica, voleis (quadra e areia), futebol MASCULINO, natação, e alguns exporádicos atletas individuais no atletismo, possuem excelente resultados fora das olimpíadas e investimentos públicos e privados, e devem sim ser cobrados de melhores resultados.

O que é realmente mais triste nisso tudo é ver o Nusman dizendo que os investimentos são pequenos (CONCORDO) e que precisa de mais dinheiro, mas ele se nega a prestar contas de como e aonde foram aplicados os mais de 1bilhão de reais dos últimos anos.
Isso tem que acabar... alguém da mídia com força tem que investigar isso... Mas a Globo não faz pq ela tinha os direitos de trasmissão... será uqe agora que ela não irá transmitir Londres-2012 ela vai dar uma de salvadora da pátria e investigar esses desvios de verba?
Ver para crer.