quarta-feira, 17 de setembro de 2008

A moral camaleônica

Publicado na página do Le Monde Diplomatique

Os governos Lula suscitaram extensas discussões sobre a compatibilidade entre discurso ético e pragmatismo político-eleitoral. Talvez para dissociar-se dos defensores do presidente e estigmatizar seu constrangimento relativista sobre o assunto, a imprensa oposicionista lançou-se numa cruzada de ultralegalismo cívico, que logo receberia colorações partidárias.
Um dos aspectos negativos dessa vertente “cidadã” de tolerância zero é, paradoxalmente, sua permissividade conceitual. A abrangência normativa permite a assimilação de uma grande variedade de preceitos, entre os quais aqueles que aspiram a certa superioridade moral, mas não passam de enunciados discutíveis, contraditórios ou apenas tolos, que a ortodoxia acrítica transforma em dogmas sobrenaturais.
O fetichismo da conduta ideal do administrador revela então seu caráter artificial e ideológico, permitindo a deterioração da moralidade (sistema pessoal de valores) em moralismo oportunista, alimentado para enquadrar adversários e isentar aliados em tempos pré-eleitorais. A manipulação da subjetividade “transcendental” dos princípios morais confere imanência atemporal e incontestável a repertórios de condutas engendrados circunstancialmente, sujeitos às conveniências de seus formuladores.
Analisemos, como exemplo, as reações ao suposto terceiro mandato de Lula (leia o texto integral).

3 comentários:

Anônimo disse...

É uma moral esquizofrenica, doentia. A midia não aprende. Ela omite os assuntos mais relevantes, desrespeita a qualidade da discussão pública, evita uma discussão mais extensa de questões controversas. Ela desencoraja o verdadeiro debate, deixando os cidadãos deficientemente educados e mal informados. O resultado disso é uma dupla alienação. De um lado políticos não fazem questão de prestar contas a quem lhe deu autoridade e nós não exigimos essa prestação pública de contas porque não somos estimulados a deliberar ou exigir coisa alguma!

Anônimo disse...

No mundo inteirinho, hoje e agora, a "moral" da direita eh compravel, vendivel, maleavel, e essencialmente indigente. Anarquia de direita pode, anarquia de esquerda nao pode. Sempre foi assim.

pedro hernesto disse...

A mídia canalha que apoiava FHC em sua reeleição agora critica LULA.É só lembrar que FHC comprou os deputados dando a eles um bom dinheiro para aprovar o segundo mandato.Agora quando se cogitou o terceiro mandato de um presindente que eles desprezam,logo atacou a midia golpista.