quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

A meia-entrada vai acabar

O senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), aquele do Valerioduto, parece atraído por projetos legislativos, digamos, “polêmicos”. Não bastasse a canetada policialesca dirigida contra a internet, agora ele atua para extinguir o direito à meia-entrada em eventos culturais e esportivos.
Sim, trata-se da gradativa extinção do benefício. A restrição a 40% dos ingressos disponíveis confere estofo legal a uma prática abusiva que já ocorre: a qualquer momento, os produtores decretam que os ingressos com desconto foram esgotados. Antes parecia apenas má-fé, mas agora existirá uma porcentagem mítica para explicar qualquer mistério.
Ninguém fiscaliza coisa alguma nas relações de consumo do entretenimento, como sabe quem já padeceu sob os disparates das Ticketmasters da vida. A extinção da meia-entrada favorece descaradamente o lobby dos produtores e donos de casas de espetáculo, cujos lucros aumentarão sem contrapartidas à coletividade.
A justificativa de que os ingressos serão mais baratos para todos é um insulto à inteligência das platéias. A “crise” (qualquer “crise”) será usada para amenizar o desmascaramento dessa balela. E, claro, não há termo de comparação: os eventos não se repetem, as circunstâncias mudam, etc. Todo preço é mais barato do que poderia ser.
A proliferação indiscriminada do benefício, as irregularidades na expedição de carteirinhas e o descaso das autoridades responsáveis deveriam levar a uma discussão ampla sobre a meia-entrada. Não houve tal debate no encaminhamento do projeto.
Há maneiras socialmente relevantes de conceder benefícios e incentivos para a fruição da cultura. Incluir jogos de futebol, por exemplo, soa incongruente. E contemplar estudantes de baixo poder aquisitivo, sem restrições, parece-me indispensável. Existisse verdadeiro espírito cívico nos defensores da lei, essas alternativas seriam consideradas, sem chantagens, falsidades estatísticas ou promessas vãs.

5 comentários:

Anônimo disse...

Desde que começaram com a meia-entrada eu nunca vi. Do nada a entrada normal inflou. Sinceramente, de nada vale as leis, não temos fiscalização. Nos cobram tantas taxas e outros, que é melhor você segurar uma grana, comprar normal mesmo e ir feliz sem dor de cabeça (ou com menos raiva).
Abraços.

Lito "Tchê" Solé disse...

Em momentos de crise do capitalismo não pensem que a saída natural é à esquerda. Já vemos o conservadorismo se manifestar.
A meia-entrada deveria ser estendida a todas as pessoas com menos de 21 anos, estudantes ou não.
Vendo até pelo lado das empresas, formar um público consumidor de cultura é muito mais importante que os seus lucros imediatos...

Bom, é tudo conseqüência de uma população passiva.
MCA
www.movca.blogspot.com

Anônimo disse...

Pois eu acho que a meia-entrada deveria ser convertida em meio-preço. Assim, um estudante ou idoso, ao comprar, por exemplo, a Caros Amigos, pagaria a metade do valor da revista, que felizmente não é produzida por jornalistas sedentos de lucro e alheios à necessidade de contrapartidas à sociedade. Tomem a frente, bravos mosqueteiros do socialismo! Caros Amigos pela metade do preço para estudantes!

Paulo Costa disse...

Para não dizer o contrario, é com muita alegria que eu recebo essa noticia! Vou até improvisar uma gargalhada kk.

Não tenho saco e nem estomago para esses políticos, mas eles estão certos, eles vivem em outro mundo, um mundo BANCADO por nós reles mortais. Eles não sabem o quanto de suor derramamos para podermos ir a um evento cultural ou esportivo, eu tenho plena certeza que se eles convivessem na mesma situação que a nossa, de reles mortais, eles não iriam pensar dessa forma, não tomaria essa e nem muitas das atitudes que eles (políticos) tomam, pois alem de não viverem como nós, eles só nos ver de 4 em 4 anos e de passagem.

Agora fazer o que se a grande maioria não toma uma atitude?
Engolir a SECO!

Abraços e bom Fim de Semana.

Anônimo disse...

Deveria acabar mesmo com está droga,antes ir a shows de metal era bem mais barato.E falsificar uma carterinha coisa mais facil que tem,somente no Brasil está idiotice,estudante vá trabalhar para se divertir ou ao um evento gratis