segunda-feira, 27 de abril de 2009

Mercenários na América do Sul

Passou curiosamente desapercebida a história obscura dos capangas abatidos num hotel de Santa Cruz, região separatista da Bolívia. Estavam armados até os dentes, com mapas, vídeos e equipamentos de uso militar. O presidente Evo Morales alega que queriam matá-lo. Circula uma versão alternativa, embora ambas não sejam excludentes.
Todo esse enredo parece extraído de um filme B com Chuck Norris, mas aqui, lamentavelmente, sobra verossimilhança. O uso de mercenários em conflitos armados remonta aos primórdios da própria guerra; recentemente ganhou inédito respaldo oficial, com a contratação da gigante Blackwater para privatizar a segurança do Iraque ocupado.
Mercenários são ex-militares, com experiência em combates, que recebem “soldos” generosos para defender interesses de empresas, grupos políticos ou mesmo governos. Trata-se, geralmente, de criminosos de guerra, com atrocidades inomináveis nos currículos – não à toa, os conflitos na Bósnia e na Tchetchênia forneceram centenas desses párias para a iniciativa privada.
As honradas democracias ocidentais, que às vezes precisam de serviços sujos operados na clandestinidade e sem constrangimentos políticos, utilizam esses combatentes há décadas. A África dos conflitos coloniais (retratada nos romances de Frederick Forsyth) foi seu habitat e continua sendo, como o Oriente Médio e os Balcãs. Diversos qüiproquós sul-americanos revelam indícios desses profissionais, e não há qualquer razão para suspeitar que Morales exagere as forças que o ameaçam.

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