quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

“Vício frenético”


O original, de 1992, era um dos pesadelos tresloucados que fizeram os momentos altos da trajetória do junkie Abel Ferrara, com Harvey Keitel corajosamente exposto no papel do policial viciado que afunda durante uma investigação.

A refilmagem de Werner Herzog é típica encomenda de estúdio, na qual o diretor recebeu funções apenas burocráticas, aclimatando-se nos EUA, onde passou a residir há pouco. Mas o alemão adicionou humor ao clima sombrio e desesperado de Ferrara, além de transportar a ação para a Nova Orleans pós-Katrina. Nicolas Cage imprime cinismo e simpatia a seu personagem, reforçando uma crítica às instituições policiais que a tragédia pessoal diluía.

Não se trata, portanto, dessas nefastas refilmagens hollywoodianas, originadas no esgotamento criativo e na falta de escrúpulos. É outro filme, embora partindo das mesmas premissas. E Herzog, um dos maiores cineastas vivos, mesmo quando se dedica a garantir o leitinho das crianças, está quilômetros acima do padrão mediano dessa indústria movida a reciclagens.

4 comentários:

Anônimo disse...

Nessa nova proposta estética e narrativa parte-se das mesmas premissas.Nega-se o que se pode e se faz a mesma coisa.
Esse junkie , também é viciado em raspadinhas ?
É praticamente um segundo mandato para o diretor do filme .

RUIM IGUAL disse...

Rapaz, que alivio! Já tava achando que tinham pasteurizado Herzog. Enfim, decidi que verei o filme.

Wallace Andrioli Guedes disse...

São dois filmes especiais. O primeiro, amargo, barra-pesada, violento ao extremo... o segundo, sarcástico, politicamente incorreto, e ainda violento. Em comum: dois protagonistas em estado de graça.
Herzog e Ferrara andaram trocando farpas por conta dessa suposta refilmagem. Deveria se entender. São duas obras-primas, de dois grandes cineastas.

Unknown disse...

Pedro, os herzogólatras mais puristas podem realmente se decepcionar com essa fase convencional ($) do diretor. Minhas impressões também nasceram de uma expectativa muito baixa em relação ao filme. Mas seja bem-vindo para contar depois suas impressões.
Um abraço do
Guilherme