quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

A tragédia chique


Está em curso uma operação midiática para elevar o Brasil à primeira divisão das grandes catástrofes naturais. O fim do mundo chegou a nosso privilegiado território.

Quando a imprensa conservadora precisa menosprezar as pretensões internacionais do país, finge que as periferias abandonadas são exclusivas do nosso subdesenvolvimento congênito. Afinal, é ruim passear na avenida Champs-Elysèes imaginando que a alguns quilômetros dali os pobres tombam carros e incendeiam lojas. Agora que as enchentes literalmente chegaram ao bumbum do governador José Serra, o noticiário se esgoela para mostrar que até no mundo civilizado, oras bóias, esses percalços acontecem.

Mas a mentira possui uma face hilariante. A necessidade de propagar os efeitos das nevascas já comprovou que o chamado “apagão aéreo” é contratempo de abrangência planetária, comum nos países desenvolvidos, e não uma característica da petelândia, como queria a indignada mídia paulista. Outro problema é recorrer a exemplos de um século atrás para provar que, afinal, não estamos tão atrasados assim...

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