segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Então de quem estamos falando?



Tentei, mas foi difícil ignorar essa polêmica envolvendo Luis Nassif, os tais “blogueiros progressistas” e seus desafetos ocasionais. O caso parece ter começado com a publicação de um texto no blog dele que usava o termo “feminazi”, mas aos poucos descambou para confusões de outra natureza.

Os erros de Nassif ultrapassaram as limitações de sua autocrítica, como já ficou bem esclarecido. E a idiotice da palavra utilizada pelo tal “André” dispensa comentários. O que dá preguiça na polêmica é notar que um necessário debate sobre o machismo (ou sobre diversos elementos da pauta feminista), ainda mais importante após a ascensão de Dilma Rousseff à Presidência, seja contaminado por argumentos muito fraquinhos. E hipócritas, também.

Nassif não é o único blogueiro “de esquerda” que permite excrescências em suas caixas de comentários, ou que limita a participação de certos desafetos, ou que ignora discordâncias. Um pouco de autocrítica nesse quesito não faria mal a ninguém.

Defender a igualdade de direitos passa também pela superação das barreiras de falsas “competências”, sejam intelectuais, de gênero ou quaisquer outras. Sexismo não é matéria exclusivamente acadêmica, destinada a uma confraria de sábios iluminados. Ou sábias. E tampouco é restrito a(o)s feministas, nem mesmo às mulheres.

Grupinhos existem em toda parte. Há as confrarias de escritores, as dos artistas plásticos, as dos arquitetos, as de petistas, as das próprias feministas. Há também as dos blogueiros, oras bolas. Muita gente boa, além da blogosfera feminista, costuma não aparecer nos eventos organizados pelos “progressistas”. Estes poderiam fazer jus às próprias plataformas e discutir mecanismos de ampliar a participação da imensa gama de articuladores que atua na internet. Apenas culpar o caráter desagregador dos críticos é insuficiente.

E a todos os envolvidos cabe notar que qualquer argumento pode se tornar despótico e ilegítimo, quando usado para desacreditar os adversários. Mas disso os bons libertários já sabem, não é mesmo?

4 comentários:

Felipe disse...

Valeu Guilherme....até que enfim alguem com bom senso.

abs

Unknown disse...

Scalzilli
Sempre achei engraçado o fato do Nassif, meu conterrâneo de Poços de Caldas, ser "enquadrado" como de "esquerda". O Nassif nunca escondeu uma simpatia até certo ponto sem pé nem cabeça por Aécinho. E ignorou o estupro o bon vivant e seu boneco de ventríloquo (Anastasia) estão a cometer contra a democracia com as tais Leis Delegadas.
Há algum tempo que venho ficando enojado pela forma como alguns blogueiros "progressistas" intitulam a si mesmos com de "esquerda". Nesse balaio o PHA, o Edu Guimarães e o Nassif dentre outros são os mocinhos, a "esquerda", que não sai de SP, acham Serra uma das pragas do Egito (o que de fato é) e Aécinho sinônimo de modernidade. Esse balaio também têm na Record e em Dunga dois grandes heróis da nova "esquerda". Durma-se com um barulho desses!!!

Regina disse...

Realmente é muito irônico pregar uma coisa num dia, na primeira oportunidade de divergência surtar totalmente ao ponto de bloquear e ofender comentários de leitores cativos, aí no terceiro dia voltar a pregar o diálogo e o debate.
Aquilo que se prega e se escreve é muito bonito, mas na prática, na hora do vamos ver, o discurso cai por terra.
Ou vir com algo do tipo "sou um blogueiro importante, tenho um currículo invejável, estou sendo atacado porque meu blog tem mais acessos, querem destruir a blogosfera etc".
E quanto ao ponto principal, o feminismo? O que foi dito para defender a causa ou pelo menos tentar aprender com isso?
Sinceramente, como leitora dos blogs, senti horror com as respostas grosseiras, ironias, deboches e delírios como teorias da conspiração a qualquer tentativa de debate.
Apesar de ter pesado um pouco na mão, o que parece é que o Idelber colocou apenas pingos nos is em algo que o incomodava. E a verdade doeu.

Guilhermé disse...

Essa "polêmica" do Nassif eu acompanhei pelo Twitter, e ele se defendendo por trás de uma suposta horda de radicais feministas. Ele se coloca como líder de debate tem que estar preparado pro debate. Mostrou q não estava. Faço coro ao comentário do Hudson, muito bom, é em por aí... E digo mais, defender o governo Lula virou sinônimo de esquerda... patético.