sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Pelo dia mundial sem demagogias inúteis



Fico imaginando o que faz alguém levar a sério essas datas que propõem abrir mão de hábitos cotidianos. “Dia sem carro”, “dia sem fumo”, “dia sem palavrão”. Dizem que as campanhas servem para conscientizar o povo. Mas do quê? Da absurda insuficiência dos transportes públicos? Das ciclovias inexistentes? Do ar putrefeito que dissemina enfisemas?

Insinuar que os proprietários de veículos sacrifiquem suas torturantes rotinas para alimentar uma fantasia urbanístico-ambiental só não é mais acintoso que o desrespeito a milhões de trabalhadores que diariamente andam como beduínos ou esperam quatro horas por ônibus lotados. Como se esta fosse uma opção moderna, antenada, cosmopolita. Aliás, como se fosse uma opção.

Se ficassem restritas a debates, autoridades sorrindo amarelo no metrô apinhado e legendas insignificantes nos calendários dos almanaques, as “comemorações” passariam incólumes e todos poderiam seguir suas vidas. Mas a prefeitura causa transtorno e confusão ainda maiores que os já vivenciados pelos motoristas, submetendo-os a uns cones mal-ajambrados e umas idéias de gincana infantil.

E a metrópole caótica responde da única maneira possível: tocando o horror.

2 comentários:

Dárcio Vieira disse...

Fico imaginando quem propõe uma ideia dessas se tenha de fato deixado o próprio carro na caragem neste dia.

Jair disse...

http://www.youtube.com/watch?v=SSxp6KQ0b7Q&feature=related

Essa é pra você, Guilherme.