quarta-feira, 23 de novembro de 2011

PSD do B



José Serra apoiou a criação do PSD para enfraquecer as bases parlamentares de Geraldo Alckmin e Aécio Neves, forçando-os a ceder espaços nas montagens das candidaturas tucanas de 2012 e 2014. Serve também como via de escape para abrigar o serrismo em caso de rompimentos no PSDB e para aglutinar a direita após a ruína definitiva do DEM.

O governismo de Gilberto Kassab, por sua vez, segue uma estratégia que vai além da óbvia acomodação oportunista. Visa simplificar certos conchavos típicos das sucessões municipais, que por diversos motivos (inclusive os jurídicos) soem ocorrer de maneira turbulenta e dissimulada. Uma sigla ideologicamente amorfa permite aos candidatos usufruir a popularidade de Dilma Rousseff e ao mesmo tempo resguardar certa independência da coligação federal.

A soma de ambos os interesses transforma o PSD numa entidade híbrida temerária, que afetará os planos eleitorais do núcleo governista para o ano que vem, especialmente nas chapas que o PT almeja encabeçar. Através do novo partido, a oposição abandona a desgastada trincheira no front político e rearranja suas forças para impedir que a esquerda conquiste os maiores centros urbanos do país.

Numa abordagem negativa, é uma espécie de Cavalo de Tróia a serviço dos adversários do Planalto, sabotando o rival em seu próprio domínio, contaminando os acordos sucessórios, inflamando traições e demandas fisiológicas do baixo-clero. Na superfície amena dos palanques, a legenda aproveita a coalizão majoritária (especialmente através do maleável PSB), para reocupar os espaços perdidos pela direita na última década, acumulando uma influência que ela jamais lograria sozinha.

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