quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Festa alvinegra



Estava longe de Campinas. Vi a Macaca subir pela tevê, esperneando no quarto do hotel, olhos rasos, gritos embargados. Tivesse ido ao Majestoso, provavelmente invadiria o campo e, repetindo 1997, daria meu vexame particular, de joelhos, abraçado a algum desconhecido.

Como sempre, foi tudo mais difícil do que poderia ser. A Ponte arrancou bem no primeiro turno da série B, mas depois engasgou (um tanto por causa da absurda punição dos cinco jogos em Araraquara) e quase repetiu o fracasso dos últimos anos. Algo muito estranho acontece com os bons jogadores do time nas retas finais dos campeonatos. Desgaste, sozinho, não explica.

O técnico Gilson Kleina é o herói individual da conquista. Esnobou o Fluminense (e a crônica arrogante das capitais), confiou no projeto e montou um elenco digno, coeso, que respeitou o manto sagrado. Mas parece evidente que esse grupo não está à altura da série A. Haverá dinheiro para reformulá-lo com a profundidade necessária?

Voltando àquele sofrido acesso de 97, descubro um artigo que escrevi para o número único da finada revista "Em Pauta". Tudo o que falta dizer sobre a festa de domingo retrasado, com o desconto das diferenças pontuais, pode ser lido no trecho seguinte:

“Justamente por ter jogado todas as partidas, sem cansaço ou contusões, décimo segundo guerreiro (e craque) do time pontepretano, a torcida alvinegra recebe, aqui, a sua homenagem.

Lívidos realizadores de um sonho antigo, os corações e pulmões fiéis à sua Nêga Véia gritaram e dançaram, naquele ensolarado domingo, sétimo dia de dezembro, numa comemoração ao próprio sucesso. Pela fúria com que trataram os adversários, pelo acompanhamento jogo a jogo, exigente e compreensivo como um gigantesco pai formado pelo uníssono, por ser tão heterogênea e unida e por, enfim, fazer a verdadeira diferença, é que a torcida pontepretana deveria ganhar, para cada um de seus componentes, merecidas medalhas de honra ao mérito.

Talvez exista alguma espécie de sina, de maldição ou até a tão falada cabeça de boi enterrada no Majestoso. A Ponte é, outra vez, vice-campeã. Mas esse é um dado relevado, agora que a sombra da segunda divisão se foi. Os únicos que se preocuparam a vida toda com isso merecem os melhores remédios para essa feliz ressaca de um pileque que, desejamos, não terminará tão cedo.”

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