quinta-feira, 18 de julho de 2013

Viral

 

Há uma lacuna curiosa no relatório da Polícia Federal sobre a boataria envolvendo o Bolsa Família: sessenta por cento dos sacadores entrevistados afirmaram ter reagido a “informações” falsas, mas em nenhum momento se esclarece de onde teriam partido essas lorotas. A PF apenas afirma que elas não foram veiculadas pela internet ou por telemarketing.

É pouco. A presunção de que as comunidades carentes das cidadezinhas nordestinas poderiam ser mobilizadas por redes sociais (e até por telefone) chega a soar ridícula. Milhares de pessoas, em locais diferentes, seguiram a mesma intuição, no mesmo dia, e tudo que os policiais conseguiram averiguar foi que os beneficiários de um programa de combate à miséria não usaram computadores ou celulares.

Podemos concordar que faltou prudência nas acusações de personalidades governistas logo após o evento, mas elas foram motivadas por uma estranheza bastante compreensível. Que a PF e o Ministério da Justiça não compartilhem o sentimento e fiquem satisfeitas com o placebo explicativo fornecido apenas suscita uma dúvida ainda maior, sobre temas que fogem ao episódio original.

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