quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Fobia geral

 















O beijo provocativo que o jogador Emerson divulgou serviu para abalar um pouco mais as fantasias civilizatórias sobre o alcance do preconceito na sociedade brasileira. Nem tanto pela reação dos torcedores (corintianos e adversários), embora ela já fosse bastante grave e elucidativa. O próprio jornalismo esportivo, tão pretensamente culto e probo, saiu do armário da homofobia.

Os comentários dos colunistas à ousadia do atacante oscilaram entre a ofensa mais grotesca e uns resmungos enojados do tipo “isso não é coisa que se faça”. Quase todas as manifestações carregavam subtextos preconceituosos. Até as ponderações na linha “nada contra” e “com todo respeito” acompanhavam, como de hábito, raciocínios e insinuações que diziam exatamente o contrário.

O comportamento, não custa lembrar, está muito próximo de outro vício característico do meio futebolístico: o machismo. Piadas sobre os dotes físicos das árbitras e auxiliares, trocadilhos sexuais e sugestões de incompetência “genérica” fazem parte do mesmo imaginário que regurgita o veneno homofóbico.

É fácil lamentar a falta de educação do torcedor. Mas pelo menos ele pode responsabilizar o mau exemplo alheio. A crônica esportiva posa de moralista e indignada, mas, no susto, quando as máscaras caem, revela o nível intelectual dessa retidão.

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