segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

O que há por trás da batalha do IPTU

 

Existem aspectos locais nos ataques ao reajuste do IPTU paulistano. As melhorias iniciadas por Fernando Haddad no transporte público trazem o fantasma das medidas de cunho social com vasto apelo popular que marcaram a continuidade dos governos Lula e Dilma. A temida hipótese de uma bem-sucedida administração petista começou a soar plausível às coligações conservadoras da capital que arrasaram a cidade por quase uma década, ganhando inclusive ares mafiosos.

Mas esses fatores não explicam nem a metade do imbróglio. Pois ele se insere num contexto mais amplo, o da disputa estadual, onde PSDB e asseclas estão dispostos a investir todas as suas munições. Continuar vencendo no estado de São Paulo representa uma questão de sobrevivência para as lideranças tucanas locais, talvez até mesmo para o partido em nível nacional.

A participação de Paulo Skaf tem pouco a ver com suas frágeis e duvidosas pretensões na campanha de 2014. O empresário serve há tempos como um coadjuvante útil para a candidatura situacionista, essa figura muito comum nas disputas brasileiras, que assume os ataques seletivos aos adversários, permitindo que o aliado com mais chances desenvolva uma agenda propositiva.

E Geraldo Alckmin está mesmo precisando, já que é na área dos transportes (habilmente priorizada por Haddad) que borbulha o escândalo do Propinoduto, uma bomba de tamanho potencial que até a mídia demotucana foi obrigada a reconhecer sua existência. Adicionando-se o colapso da rede metroferroviária, os pedágios astronômicos, as trapalhadas das concessionárias e as paralisias intermináveis no litoral, resta material para mil anos de propaganda eleitoral.

Ou Haddad se prepara rápido para defender o front paulistano, ou será trucidado pela fúria de concorrentes muito poderosos e desesperados, que não brincam em serviço.

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