segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Cadê os mascarados?

 















Os protestos desapareceram. Até das cidades em que as passagens do transporte urbano voltaram a aumentar. Até durante os desfiles do Sete de Setembro. Até, pasmem, na campanha eleitoral.

Claro que não me refiro a sem-teto, camelôs, grevistas e outros movimentos setorizados, com pautas mais ou menos claras e participação restrita. Falo daquela turba descontente que saiu às ruas bradando contra o sistema político, as desigualdades, o mau uso do dinheiro público. Exigindo escolas, hospitais, reformas diversas. Cadê?

É impossível culpar a repressão policial, que foi o grande propulsor das manifestações de 2013 e continua a espalhar suas brutalidades. Mesmo a prisão de ativistas deveria suscitar uma resposta à altura. O fim da Copa do Mundo tampouco serve como pretexto. Afinal, supondo sinceros os objetivos dos seus adversários, os problemas permanecem, e livres da aprovação recebida pelo evento.

Então onde diabos foram parar os indignados? Por que decidiram poupar a grande farsa do sufrágio, que pereniza a máquina estatal e o sistema burguês? Não seria coerente com seu verniz “tático” se os black blocs aproveitassem o ritual da maldita classe política para desmascará-la? E o voto nulo, a abstenção, a desobediência civil que parecia a única forma efetiva de luta?

Que sonífero tomou o “gigante das ruas”, bem no momento em que ele teria mais visibilidade, contundência e poder de transformação?

Pensando bem, estão certos aqueles que responsabilizam as eleições. Elas tornaram os mascarados pragmáticos. A arruaça não faria bem à imagem da candidata “inovadora” que passou a representar seus anseios revolucionários. Tampouco ao discurso probo do antipetismo, que milagrosamente substituiu as plataformas genéricas de outrora.

Parece coisa de marqueteiro esperto. Mas, como sabemos, os manifestantes são espontâneos e apartidários.

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