Os indícios de que Eduardo Cunha possui contas no
exterior são conhecidos pela Justiça há meses. As
investigações começaram já em abril na Suíça, e poderiam ter ocorrido antes, se
as autoridades brasileiras tivessem reagido às primeiras suspeitas.
Enquanto os réus da Lava Jato e seus familiares
eram presos com uma afoiteza que até prejudicou inocentes, Cunha seguiu
ocupando o terceiro cargo da sucessão presidencial do país. Podendo movimentar
suas fortunas.
Eis que ele cai em desgraça justo agora, na fase
crítica dos planos golpistas. Não antes, prejudicando as manifestações
promovidas pela mídia conspiradora. Nem depois, no recesso
parlamentar ou na paralisia do ano eleitoral.
Claro que não se trata de mero acaso. O cerco ao
deputado é uma forma de forçar a sua derradeira investida contra o governo. Acuado
pelo noticiário negativo e incapaz de fazer acordos salvadores, ele não teria
saída senão apressar os ritos do impeachment.
A estratégia consiste em mantê-lo refém dos
investigadores, prestando serviço ao roteiro traçado para a Lava Jato. Prática adequada, aliás, aos métodos coercitivos de Sérgio Moro: sob ameaça de ver
parentes presos por sua causa, a vítima faz tudo que os meganhas ordenarem.
Estes são os verdadeiros bastidores das vicissitudes
de Cunha, e que a mídia golpista se esforça tanto para ocultar. O teatro
punitivo não muda a essência do arranjo. Desmoralizam o sujeito, bloqueiam suas
contas, expõem seus familiares, mas ele preserva o poder de alavancar a
cassação da presidente da República.
Sugiro, portanto, certa parcimônia comemorativa
com o indiciamento de Cunha. O episódio mancha para sempre a memória dos seus aliados, mas também ilustra a força do conluio institucional que patrocina
o impeachment.
Não será sob aplausos crédulos que o Congresso ou
Judiciário barrarão o ataque final do golpismo.
Um comentário:
Claro meu caro Guilherme. A Lava-Jato quer incriminar somente o pessoal do PT.
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