Numa prova cabal da lisura de suas convicções, o
oposicionismo golpista agora tenta jogar a nódoa Eduardo Cunha na imagem do
governo federal. Ele estaria fazendo “acordos” com o PT para escapar da
cassação.
Um arranjo do tipo não seria apenas inviável, mas
principalmente inútil. Embora o sábio político sempre mantenha vias abertas com
seus adversários, também precisa guardar o mínimo senso de pragmatismo. E Cunha
não tem o que oferecer.
Deixá-lo fritando é uma estratégia correta do
governismo. Quanto mais rápido ele for derrubado, melhor para seus asseclas,
que se livram da vergonha e arranjam outro marionete para salvar o impeachment
moribundo.
A agonia de Cunha deve ser lenta e vexatória. Desmoralizando
o PSDB, o DEM, o PPS, o PSB e as claques fisiológicas do PMDB, que o fizeram
presidente da Câmara e depois o apoderaram nas armações do golpe. Que o fizeram
símbolo da moralidade.
O mesmo vale para a mídia corporativa, que deu
publicidade a toda essa pândega. Cunha é
símbolo da ruína ética do jornalismo que partidariza o combate à corrupção, que
seleciona escândalos, que promove levantes reacionários.
Mas empurrar o vexame de Cunha para Lula também
obedece a um cálculo muito característico do golpismo institucional: se a Lava
Jato continuar falhando em seus objetivos políticos, será necessário
responsabilizar alguém pelo esvaziamento das investigações.
Um comentário:
Ontem, no Roda Viva com Marco Aurélio Mello, o José Neumanne insistia que o Cunha era cria e aliado da Dilma.
Dizia isso com toda a tranquilidade do mundo (apesar de seu estilo histriônico) e todos da bancada, além do convidado, ouviam-no como se ele estivesse falando a coisa mais notória do mundo.
Sidnei
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