A Veja não merece nenhum de nossos sagrados minutos. Mas passei por lá para entender a questão do dossiê sobre gastos do governo FHC com cartões corporativos. Voltei todo sujo, mas pude verificar que a coisa é mais simples do que parecia à primeira vista. Meu comentário anterior sobre o assunto dava um exemplo da facilidade de se explodir evidências incriminadoras através da fabricação de dossiês. Continua válido, porque assim é. Alguém poderia objetar que existem outras formas de atingir o mesmo objetivo, e é bem verdade, mas a estrutura da dissimulação muda muito pouco.
Parece, entretanto, que a artimanha não foi utilizada por Veja. Sua reportagem descobriu que alguém no Planalto fez um levantamento dos dados sigilosos do governo FHC, para utilizá-los em chantagem contra os parlamentares oposicionistas da CPI dos Cartões. A gritaria horrorizada de Veja acarreta duas indagações: a) os dados devem ser sigilosos? b) a chantagem é necessária?
Por que a sociedade brasileira não pode conhecer a natureza dos gastos do governo FHC, mas, ao mesmo tempo, a imprensa exige as mesmas informações do governo Lula? Sinceramente, eu faria o mesmo levantamento e não teria pruridos em admiti-lo publicamente. Levaria a pasta comigo onde fosse, para mostrar a quem quisesse ver. É divertido ver a oposição cobrando transparência de Lula e usando teorias conspiratórias para esconder FHC.
E por que alguém precisa chantagear membros da CPI para estes investigarem irregularidades das duas administrações? Sem pressões externas, os nobres parlamentares não cumpririam suas funções com lisura e desapego?
A propósito, já que alguém fez esse levantamento, a grande imprensa (inclusive a Folha de São Paulo, que parece tão assustada) poderia divulgar os dados verídicos, como fez com membros do governo Lula. Mas não. Agora vão dizer que, por se tratar de material colhido com o objetivo de fazer chantagem, seria inidôneo utilizá-lo.
Que medo de mexer com FHC, né não?
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