Minha última releitura dessa fase de estudos sobre Teoria e História da Arte. O livro da Cosaic & Naify, em correta edição com reproduções coloridas, atualiza e expande uma tese de doutorado defendida pelo autor em 1997, no Departamento de Filosofia da USP. Sintomático, esse viés analítico da imanência da obra artística, das relações significante-significado, do pensar sobre o pensar estético. O repertório filosófico foi incorporado ao debate artístico da chamada pós-modernidade e não há criação contemporânea que não dependa fundamentalmente dele.
Alberto Tassinari consegue locomover-se com desenvoltura nesse terreno cheio de obstáculos e armadilhas, mas particularmente dificultoso pelo ineditismo temático, pela indeterminação anterior desse novo objeto, que talvez ainda esteja demasiado imaturo para ser devidamente analisado. Definir o espaço moderno significa realizar uma profunda exegese da arte contemporânea, pois esta gradativamente se dissociou das tendências precedentes através da fusão forma-discurso, para prejuízo do segundo, e hoje se materializa numa relação dialética entre a substância física da obra e o meio circundante, que inclui o espectador. Não deixa de implicar um “conteúdo” (que, de alguma forma, sempre será metalinguístico), mas nega-se a adotar as vias narrativas consagradas.
Trata-se daquilo que o autor conceitualiza como “espaço em obra”, que se comunica com o mundo exterior, trocando com ele os sentidos ontológicos da natureza artística do objeto (re)criado. Ele se realiza, também, exibindo suas próprias estruturas, como se reproduzisse permanentemente os procedimentos que a engendraram, ou seja, imitando, “por meio dos sinais do fazer, o fazer da obra”.
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