O filósofo Slavoj Zizek escreveu um artigo desmistificador sobre a situação do Tibete. Contra a onda de tibetismo que varre a mídia ocidental em vésperas de Olimpíadas, ele afirma:
"Embora a atividade chinesa no Tibete sem dúvida tenha incluído muitos atos de destruição e terror assassino, existem muitos aspectos dela que destoam dessa imagem simplista de 'mocinhos versus vilões'. Enumero, a seguir, nove pontos a serem mantidos em mente por qualquer pessoa que faça um julgamento sobre os fatos recentes no Tibete.
1) Não é fato que até 1949 o Tibete era um país independente (...)
2) Antes de 1949, o Tibete não era nenhum Xangri-Lá, mas um país dotado de feudalismo extremamente rígido, miséria (...), corrupção endêmica e guerras civis (...).
3) Na época da Revolução Cultural (...) as turbas de jovens que queimaram mosteiros foram compostas quase exclusivamente de tibetanos (...).
4) No início dos anos 1950, começou um longo, sistemático e substancial envolvimento da CIA na incitação de distúrbios anti-China no Tibete (...).
5) O que está acontecendo agora nas regiões tibetanas já não é mais um protesto "espiritual" pacífico de monges (...), mas (também) bandos de pessoas matando imigrantes chineses comuns e incendiando suas lojas (...).
6) Apesar de toda a opressão inegável, nunca, em toda sua história, os tibetanos medianos desfrutaram de um padrão de vida comparável ao que têm hoje (...).
7) Nos últimos anos, a China vem mudando sua estratégia no Tibete: a religião despida de política hoje é tolerada e mesmo apoiada (...).
8) (...) O que querem dos tibetanos é que sejam autenticamente espirituais por nós, em lugar de nós mesmos o sermos, para continuarmos a jogar nosso desvairado jogo consumista (...).
9) (...) Até que ponto o desenvolvimento chinês teria sido mais rápido se fosse acompanhado de democracia política? (...)"
O texto pode ser lido na íntegra aqui.
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