segunda-feira, 15 de junho de 2009

Os efeitos da altitude no jornalismo esportivo

Publicado com o título "Os efeitos da altitude na mídia brasileira", no Observatório da Imprensa.

Na noite de quarta-feira, dia 14 de fevereiro de 2007, o Flamengo empatou em 2 a 2 com o Real Potosí, pela Copa Libertadores. O jogo foi realizado na Bolívia, a quase 4 mil metros do nível do mar. Alguns jogadores brasileiros passaram mal no segundo tempo e chegaram a utilizar um cilindro de oxigênio para recuperar o fôlego.
A diretoria flamenguista declarou que o time jamais voltaria a jogar em tais condições. Advogados e diretores foram mobilizados. A assessoria de imprensa do clube afirmou ter recebido a denúncia de que um jogador mexicano morrera em plena partida, na mesma altitude. O assunto alimentou o noticiário sensacionalista sobre fatalidades envolvendo atletas profissionais e amadores.
O apoio da crônica esportiva foi imediato, generalizado e radical. Até desafetos notórios, como Juca Kfouri e Milton Neves, uniram-se na onda de indignação. “A Fifa está esperando alguém morrer”, acusou o primeiro. “Ainda morrerá algum jogador nas altitudes”, o outro vaticinou, em comentário separado. A cruzada envolveu Ricardo Teixeira, que conseguiu extrair da Fifa a suspensão de partidas acima de certa altitude.
Um ano depois, a entidade anulou o veto e o assunto caiu no esquecimento. Tamanha reviravolta não se explica apenas pela pressão dos dirigentes e governantes sul-americanos, embora alguns comentaristas tenham feito vasto uso ideológico do caso. Antes de Evo Morales e Rafael Correa, ninguém ameaçou tolher o trunfo geográfico dos times de seus países. Criticar o presidente Lula por defendê-los foi uma forma sutil de contaminar as discussões com meneios político-eleitorais.
A campanha contra a realização de jogos em altitude fracassou porque logo ficou evidente que ela visava apenas proteger os interesses dos grandes times brasileiros. A tese de que a altitude traz riscos para a saúde dos atletas nunca foi endossada tecnicamente. Os palpites dependem do fisiologista ou clínico entrevistado, e os jornalistas escolhem as opiniões que lhes convêm. Sintomaticamente, os veículos resistem a investigar boatos sobre mortes (a do mexicano jamais foi confirmada) e a divulgar os estudos disponíveis sobre o assunto. E eles existem (leia o texto na íntegra)...

3 comentários:

Adir disse...

Coritiba goleia e instala crise no Flamengo
Equipe paranaense supera o adversário em casa por 5 a 0 e o técnico Cuca fica com o cargo ameaçado
Evandro Fadel - Agencia Estado
O Coritiba conseguiu neste domingo a sua primeira vitória no Brasileirão. E foi em grande estilo: goleou o Flamengo por 5 a 0, no Estádio Couto Pereira, em Curitiba. A segunda derrota seguida no campeonato (após os 4 a 2 para o Sport) instalou de vez a crise no clube carioca, ameaçando o cargo do técnico Cuca.

Mesmo com o atacante Adriano em campo, o Flamengo foi uma presa fácil no jogo deste domingo, ficando com sete pontos no Brasileirão. Já o Coritiba, que tinha perdido quatro dos cinco jogos disputados até então, conseguiu deixar a lanterna do campeonato, agora com quatro pontos somados.

"Quem quiser colocar na minha conta pode colocar, peço desculpas, saio de cabeça baixa, humilhado e ferido", disse o goleiro Bruno, do Flamengo, que levou nove gols nos últimos dois jogos. Neste domingo, porém, os gols do Coritiba saíram quase todos em falhas do sistema defensivo flamenguista.

O jogo começou muito nervoso, com os jogadores, principalmente do Coritiba, abusando das faltas. Mas, logo aos 7 minutos, o lateral Rodrigo Heffner fez boa jogada sobre Juan e cruzou rasteiro para a área. Desesperado, o zagueiro Wellington mandou a bola para seu próprio gol: Coritiba 1 a 0.

Depois do gol, o Flamengo passou a marcar melhor no meio-de-campo. Mas não conseguiu levar perigo ao adversário - Adriano praticamente não tocou na bola durante todo o jogo. Assim, já aos 41 minutos, o Coritiba conseguiu ampliar, com um chute do atacante Marcos Aurélio, que passou entre as pernas de Bruno.

Tão logo iniciou o segundo tempo, Bruno Batata, que havia entrado no intervalo, recebeu a bola livre dentro da área e marcou o terceiro. Assim, com o gol aos 20 segundos, o Coritiba impediu qualquer reação flamenguista. Depois disso, o time paranaense tratou de administrar a enorme vantagem no placar.

E, aproveitando-se de novos erros da defesa flamenguista, o Coritiba ampliou. Aos 16 minutos, Renatinho chutou, Bruno rebateu para o meio da área e Bruno Batata não teve trabalho para marcar o quarto. A mesma coisa aconteceu aos 30, quando o goleiro rebateu uma falta novamente para dentro da área, onde Leozinho esperava para fazer 5 a 0.

CORITIBA 5 X 0 FLAMENGO

Coritiba - Vanderlei; Cleiton, Rodrigo Mancha e Felipe; Rodrigo Heffner, Leandro Donizete, Pedro Ken (Jailton), Renatinho e Guaru (Leozinho); Marcos Aurélio (Bruno Batata) e Ariel. Técnico - René Simões.

Flamengo - Bruno; Aírton, Wellington e Ronaldo Angelim; Everton Silva, Toró, Ibson, Everton e Juan (Aleilson); Josiel (Fierro) e Adriano. Técnico - Cuca.

Gols - Wellington (contra), aos 7, e Marcos Aurélio, aos 42 minutos do primeiro tempo; Bruno Batata, aos 20 segundos e aos 16 minutos, e Leozinho, aos 30 minutos do segundo tempo.
Árbitro - Wilson Luiz Seneme (Fifa/SP).
Cartões amarelos - Ariel, Leandro Donizete, Rodrigo Heffner, Felipe, Leozinho, Juan e Everton Silva.
Cartões vermelhos - Ariel e Felipe (Coritiba); Airton (Flamengo).
Renda - R$ 334.760,00.
Público - 20.623 pagantes.
Local - Estádio Couto Pereira, em Curitiba.

Guilhermé disse...

Na época também escrevi sobre o assunto lá n blog, pra não transcrever aqui:

http://resistenciacarioca.blogspot.com/2008/04/falcia-da-altitude.html

Abraços.

Gustavo Scalzilli disse...

Jogador de futebol é muito fresco mesmo.
Na Copa Davis de tênis é possível até escolher o tipo de piso que irá jogar. O Brasil sempre joga no NE contra seleções européias e ninguém nunca reclamou disso.
Na NBA os jogos acontecem dia sim, dia não. E ninguém nunca reclamou disso.
Os tenistas jogam todos os dias, e ninguém nunca reclamou disso.
Agora neguinho joga na altitude e começam a chorar. Na verdade o atleta de futebol é mal preparado em relação aos demais esportes. No Rio, por exemplo, treina-se somente a tarde e durante umas 3 horas, no máximo. E desse jeito quer ter fôlego para correr?