Novela de discurso brutalmente enxuto, opção que realça a simplicidade inexplicável com que a crueldade se manifesta nos jovens personagens. “O senhor das moscas”, talvez o livro mais conhecido de William Golding, retomaria esse universo (o das perversões infanto-juvenis), quase meio século depois.
Há menções autobiográficas ao período que o autor, Robert Musil (1880-1942), passou na escola militar antes de lutar na I Guerra. Parece um tanto forçado encontrar ali uma metáfora do surgimento do nazismo. Mas certamente é um panorama da decadência da aristocracia do Império Austro-Húngaro, que culminaria com sua trágica dissolução no conflito europeu. E também representa um exemplo menos conhecido da efervescência intelectual que dominou a região, Viena principalmente, no final do século 19.
Uma adaptação cinematográfica, premiada em Cannes, foi dirigida pelo grande Volker Schlöndorff em 1966.
Da série "Todo prosa".
Um comentário:
Quantos velhos jovens Törless existem por aí ?
Quem sabe mais impregnados de existência ? Numa calmaria inexorável feita pelo tempo.
Difícil é ser uma obra de arte no sentido de saber e aprender.
O que nos tornamos é muito menos do que podemos ser.
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