quarta-feira, 9 de junho de 2010

Dossiê é detergente


Funciona assim: contrato alguém para espionar a mim mesmo, descobrir segredos que possam interessar aos adversários. Aparece uma lista de capivaras incômodas e a partir de então ficamos atentos. Assim que os farejadores alheios puxam aqueles rabichos, e antes que possam organizá-los em alguma investigação compreensível, saímos a público denunciando que estão a elaborar um maldoso dossiê. Para provar, até divulgamos o assunto. Sempre que aparece aquela suspeita, reagimos com indignação democrática, devolvendo o prejuízo à imagem dos “arapongas”.

Qualquer campanha a prefeito de cidade mediana tem sua equipe de contra-informação. A maioria é formada por jornalistas (quem disse que o diploma não serve para nada?), mas há também publicitários, ex-policiais e aspones em geral. Eles se conhecem, é um meio relativamente fechado. E não há ingênuos: repórter ou analista que cobre eleições para grande veículo e nega a existência desses grupos em todos os partidos está sendo mentiroso. Para entender o alcance da estrutura a serviço de José Serra, basta realizar uma pesquisa rápida nos arquivos de qualquer jornal, procurando menções a Serra, à Polícia Federal e a Marcelo Itagiba. Isso vem de longe e não deveria mais causar espanto.

Talvez o PT esteja correto em sua estratégia de tratar o caso como histeria de perdedor. Mas, precisando, pode partir das próprias denúncias preventivas da Veja, que levantou a lebre e misteriosamente "esqueceu" de averiguá-la. É batata.

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