Publicado na revista Caros Amigos, em junho de 2010.
Vai começar o espetáculo do ufanismo histérico. Mídias de todos os suportes serão tomadas pela publicidade oportunista do verde-amarelo. Jornalismo e marketing, amalgamados por interesses comuns, fornecerão os delírios de união e superioridade que o público precisa para engolir a farsa consumista. Milícias uniformizadas tomarão ruas e bares, assegurando a adesão das massas ignóbeis à ditadura do hexa.
Pois não contem com este humilde escriba. Torço apaixonadamente para o fracasso da seleção brasileira na África do Sul. Quanto mais humilhante e precoce, melhor. De preferência jogando mal, tomando olé, sob apupos das torcidas e o escárnio da crônica internacional. Que os falsos craques sejam desmascarados, patrocinadores amarguem prejuízos, apresentadores e comentaristas engasguem na desmoralização dos seus favoritismos.
A escolha soa impopular e arriscada, mas deveria constituir uma demonstração de coerência para os apaixonados pelo esporte. O time da CBF personifica os vícios e artimanhas que envenenam o futebol nacional. Ali podemos entender a pauperização dos campeonatos regionais, a destruição de clubes interioranos, o êxodo de talentos, o esvaziamento dos estádios, a imoralidade dos bastidores.
Uma seleção formada quase exclusivamente por jogadores de times estrangeiros não possui qualquer identidade com o torcedor brasileiro. Eles nem ao menos são melhores do que dezenas de atletas que jogam no país, e que formariam uma equipe mais entrosada, motivada e empolgante. Mas, claro, Dunga não pode privilegiar a qualidade. Sua caricatura de sargento brucutu ameniza as motivações financeiras da convocação, que atende aos interesses de empresários, cartolas e especuladores.
O legítimo espírito patriótico deve repudiar esse empreendimento nefasto e sua utilização da retórica nacionalista em benefício de corjas obscuras.
Vai começar o espetáculo do ufanismo histérico. Mídias de todos os suportes serão tomadas pela publicidade oportunista do verde-amarelo. Jornalismo e marketing, amalgamados por interesses comuns, fornecerão os delírios de união e superioridade que o público precisa para engolir a farsa consumista. Milícias uniformizadas tomarão ruas e bares, assegurando a adesão das massas ignóbeis à ditadura do hexa.
Pois não contem com este humilde escriba. Torço apaixonadamente para o fracasso da seleção brasileira na África do Sul. Quanto mais humilhante e precoce, melhor. De preferência jogando mal, tomando olé, sob apupos das torcidas e o escárnio da crônica internacional. Que os falsos craques sejam desmascarados, patrocinadores amarguem prejuízos, apresentadores e comentaristas engasguem na desmoralização dos seus favoritismos.
A escolha soa impopular e arriscada, mas deveria constituir uma demonstração de coerência para os apaixonados pelo esporte. O time da CBF personifica os vícios e artimanhas que envenenam o futebol nacional. Ali podemos entender a pauperização dos campeonatos regionais, a destruição de clubes interioranos, o êxodo de talentos, o esvaziamento dos estádios, a imoralidade dos bastidores.
Uma seleção formada quase exclusivamente por jogadores de times estrangeiros não possui qualquer identidade com o torcedor brasileiro. Eles nem ao menos são melhores do que dezenas de atletas que jogam no país, e que formariam uma equipe mais entrosada, motivada e empolgante. Mas, claro, Dunga não pode privilegiar a qualidade. Sua caricatura de sargento brucutu ameniza as motivações financeiras da convocação, que atende aos interesses de empresários, cartolas e especuladores.
O legítimo espírito patriótico deve repudiar esse empreendimento nefasto e sua utilização da retórica nacionalista em benefício de corjas obscuras.
8 comentários:
Caro Guilherme Scalzilli,
Há mais ou menos quatro COPAS, as palavras de sua crônica “TORCENDO CONTRA” estão na minha cabeça. Desta vez, resolvi me desligar completamente. Não quero nem saber. Só ouço os estúpidos rojões porque é inevitável.
Na Copa anterior, numa ida ao supermercado, encontrei um grupo de colegas verde-amareladíssimos, na maior euforia. Em resposta a perguntas que me fizeram, deixei escapar algumas palavras de sua crônica e percebi o espanto, desapontamento e mal-estar que elas causaram.
Agora você pode imaginar a minha alegria quando recebi a revista “CAROS AMIGOS” com você lá dentro falando igualzinho a mim?
Obrigada, amigo! Pensamos no mesmo tom. Estamos afinados!
Abraços,
Oscar e Leni Malavasi
Pensar bem é tão impopular.
Eu sempre achei que devia ter uma lei que permitiria somente jogadores que jogam em times brasileiros serem convocados para seleções brasileiras. Sempre achei que o Brasil tem e sempre teve condições de formar não só um, mas dois times de primeirissima sem os "estrangeiros" que comportam e jogam como prima-donnas sem graça nenhuma na sombra do que era o time em outros tempos. Só por que joga na Europa, de repente o camarada se acha um pelé.
Motivações financeiras dominam tudo. Tão evidente no futebol! Será q as pessoas não verão nunca q o rei está nú e dentro do campo? Mete nojo ver a histeria burra e consumista. Mas há cabeças pensantes e olhos atentos. Valeu, meu caro.
Será que você também tem este pensamento para as músicas que consome, os livros que lê e os filmes que assiste?
Patético
Oscar e Leni, fico muito feliz com essa sintonia e a participação de vocês. Venham sempre!
Galerius, concordo. Não perderíamos em competitividade, muito pelo contrário. E talvez conseguíssemos manter mais estrelas jogando por aqui.
Anderson Estevan, você entendeu tudo errado. Releia. E dê uma passada nas abas de Música, Cinema ou Literatura da coluna ao lado para ver se pega, digamos, o espírito da coisa. E depois releia de novo.
Abraços do
Guilherme
Pô, Scalzilli!!! Concordo com todas as críticas que você faz ao futebol brasileiro e à podridão de seus bastidores. É realmente lamentável. Mas daí a querer que a seleção, a "pátria de chuteiras", pague o pato, para chamar a atenção sobre o assunto, já acho o cúmulo do absurdo... Menas!!!!
"O BRASIL DE VERDADE não passa na gLoBO - O que passa na gLOBo é um braZil para TOLOS"
O pior é que o "patriotismo" da brasileirada só surge de 4 em 4 anos e dura no máximo 1 mês! Por que não vemos toda essa "energia" canalizada em coisas MUITÍSSIMO mais importantes que partidas de futebol? Enquanto importamos até, pasmem!, grampeadores da China e o caos toma conta de tudo, milhões de pessoas ficam hipnotizadas por essa MÍDIA FARSANTE!
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