quinta-feira, 29 de julho de 2010

Porrada


Agredir crianças é torpeza indesculpável em qualquer circunstância. A defesa da infame “palmadinha” reproduz a tolerância popular com os abusos cotidianos praticados por autoridades públicas. Afinal, tem gente que “merece” levar uma surra dos policiais.

Qual seria o equivalente adulto da hostilidade educativa? Que tal desferir um tapa na cara de todo motorista que burla regras de trânsito? Ou apertar as banhas de quem joga lixo na rua com uma chave inglesa? E não é bom também dar umas cintadas na mulher, para ensiná-la a se comportar?

O lamentável disso tudo é que o demente, quando se torna pai, desconta as violências da própria infância em seres inocentes e indefesos, que não podem responder à altura. Na hora de encarar gente do seu tamanho, o machão afina.

3 comentários:

Aldrin Iglesias disse...

Boa noite, Guilherme

Ouvindo um comentarísta em uma rádio hoje de manhã, me ocorreu que o medo que as pessoas tem se baseia em dois pontos:

I - O Estado estaria entrando de mais na casa das pessoas agredindo a liberdade delas.
II - Os filhos rebeldes, com ajuda do Conselho Tutelar e do Estatuto da Criança e do Adolescente (ambos tem muita má fama para certas pessoas), poderiam ficar "poderosos" de mais, entende?

Estou sendo indireto e o próprio comentarista da rádio saiu pela tangente, mas as mensagens indiretas são essas mesmos.
Acho bastante triste.

Abraços,
Aldrin

Renato disse...

Falou tudo. Entre o risco de se criar um cidadão menos civilizado - por falta da dita palmada - e um cidadão menos civilizado e mais revoltado ou traumatizado pelas "palmadinhas" fico com a primeira.

Flavio disse...

Não acho que uma lei desta seja um avanço. Educar é uma coisa (e as vezes os pais precisam sim recorrer a umas boas palmadas) e espancar é outra. Contra esta última, já existiam leis suficientes para coibir. O que eu não vejo são movimentos em direção a um planejamento familiar decente, pois nunca vi um filho que foi desejado e planejado sofrer maus tratos.