segunda-feira, 13 de junho de 2011

Resposta ao Idelber Avelar: ainda o caso Palocci


O texto dele chama-se “Palocci e a falácia do fogo amigo”. Como de hábito, inseri um comentário com análise publicada aqui. Idelber emendou-lhe questionamentos, que respondo abaixo, para encerrar o assunto.

Guilherme, se há uma coisa que não falta ao Palocci é “habilidade no trato com a base aliada”. Ele é famoso por ter essa habilidade.

Os conflitos de Palocci com as demandas pontuais da base aliada (PT incluso) freqüentaram o noticiário cotidiano durante meses. Ademais, se o relacionamento fosse harmonioso, o ex-ministro receberia um apoio mais veemente e quiçá decisivo para sua permanência. A insatisfação da base com o loteamento de cargos e verbas demonstra que havia motivações menos honrosas por trás dos pruridos morais dos nobres parlamentares.

E o enriquecimento foi um “pretexto”? Você chama R$ 10 milhões em consultoria durante um mês, já nomeado Ministro, de “pretexto”?

Óbvio que o enriquecimento de Palocci levanta suspeitas e que suas explicações foram insuficientes (não que alguém estivesse mesmo interessado nelas). Mas, convenhamos, o aumento do patrimônio de um deputado não surpreende quem conhece um tiquinho dos bastidores do poder. “Pretexto” é usar uma informação que constrangeria centenas de outros personagens para atingir determinada figura num momento específico. Pode soar justo e necessário, mas, nessas circunstâncias, não deixa de ser parcial e muito bem localizado. Minha provocação permanece: por que apenas Palocci?

E o que tem o pleito municipal de 2012 a ver com isso? Você acha que ele foi fritado pelos adversários petistas dele em Ribeirão Preto?

É fato bastante conhecido que Palocci testava suas chances de concorrer à prefeitura de São Paulo, não sem algum apoio dentro do núcleo lulista e forte resistência do petismo local. Acho que as conclusões possíveis resultam suficientemente claras e independem de nossos juízos de valor – inclusive quanto ao verdadeiro espírito saneador do PT paulista.

E qual foi a blogosfera que “ajudou a fritá-lo”? Nome do autor e link ao post, por favor. Vamos dar nome aos bois.

Infelizmente, o arco é bastante amplo: todos aqueles que apenas reproduziram o discurso “moral” dos grandes veículos, ignorando as questões indigestas que mancharam o episódio. Alguns comentaristas que acompanho e admiro incorreram nesse equívoco, e tenho certeza de que o fizeram com as melhores intenções. Mas há maliciosos, dentro e fora da esquerda, que aproveitaram o caso para finalidades diversas. Não os nomeio porque eles se alimentam de inimizades pontuais e usam-nas para posar de mártires e legitimar seus pleitos. Vi isso acontecer nos ataques a Ana de Hollanda.

De qualquer maneira, prefiro superar logo o incidente com Palocci, poupando energias para a próxima campanha ética promovida pela Folha de São Paulo. Agora que o jornal recuperou o respeito dos progressistas combativos, receio que os céticos teremos bastante trabalho pela frente.

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