sexta-feira, 13 de abril de 2012

“Xingu”



Heróica realização de Cao Hamburguer e Fernando Meirelles. Não soa frio, didático ou mesmo grandiloqüente como alguns julgaram. Bem ao contrário. O academicismo narrativo tem lá sua coerência e deve muito ao estilo do diretor, além da natural precaução em não correr riscos sob situações adversas. O elenco impecável (especialmente João Miguel) é digno da grandeza histórica dos protagonistas.

O conjunto carrega um primor plástico levemente excessivo, distanciando-se do visual sujo, contrastado e fremente das loucuras amazônicas de Werner Herzog, referência que poderia ser mais valorizada. Mesmo esse naturalismo cheio de controles, porém, deixa transparecer as dificuldades físicas da filmagem, como se pusesse em destaque o esforço técnico necessário para domá-las. O ótimo blog da produção ilustra um pouco da árdua empreitada.

É desses projetos que encantam a cinefilia aventureira e comprovam a viabilidade cinematográfica de temas nacionais. Para alguém, como eu, que sempre sonhou em filmar a trajetória dos irmãos Villas-Bôas e de outros tantos personagens históricos do país, equivale a um sopro de esperança.

Quanto ao debate sobre desenvolvimento e preservação, muito oportuno e atual, resta a incômoda sensação de que ele permanece no mesmo estágio de 50 anos atrás.

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