Algumas das maiores cidades do país votarão domingo sem
qualquer prognóstico de resultado. Há muito não vivíamos um cenário de tamanha
indefinição. Mesmo imaginando que as circunstâncias favorecem o agravamento das
costumeiras irregularidades de final de campanha, o fantasma da fraude na
apuração dos votos parece ainda mais assustador, porque invisível e subestimado
pelas autoridades.
Geralmente, através das pesquisas de boca-de-urna,
podemos adivinhar a tendência dos resultados finais. Para superarem largas
margens de segurança, eventuais manipulações precisam atingir graus extremos de
distorção e abrangência. Em quadros de empate generalizado, porém, qualquer
pequena manobra é eficaz. Com rápidos movimentos e recursos simplórios, um
único funcionário corrupto pode eleger determinado prefeito ou retirar
adversários indesejáveis da disputa.
A absurda falta de voto impresso para conferência faz
com que a hipótese macabra permaneça virtualmente inverificável. E, insisto, o
ambiente nunca foi tão propício para a violação (e principalmente para a
violação impune) das urnas eletrônicas. Jamais saberemos se aqueles poucos
milhares de votos que fizeram a diferença foram computados corretamente. Jamais
saberemos.
Esse descalabro medieval só será corrigido pelo
Judiciário quando o país se descobrir mergulhado numa perplexidade insanável
diante de qualquer procedimento irregular que possa ter decidido o futuro de
uma metrópole. Sem torcer para o desastre, mas tampouco deixando de reconhecer que
ele possui um lado bastante positivo, devemos ter em mente que sua consumação
depende apenas de um simples arranjo de circunstâncias. Como as que observamos
atualmente.
Um comentário:
Além disso, ainda estou esperando o escândalo da véspera do pleito. Onde, quando, como será? Esse clima meio morno de indefinição e aparente desinteresse pode ser muito propício a esse tipo de aventura. A ver.
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