Se as pesquisas eram suspeitas quando transmitiam más notícias, agora elas merecem cautela redobrada.
Há muitas armadilhas possíveis nos supostos dez por
cento que separam Fernando Haddad e José Serra. Imaginando-os verdadeiros, e forçando
as margens de erro, a distância se resume a seis pontos, número irrisório no
estágio atual da disputa. Mas começar em vantagem é sempre complicado. São
Paulo e outras cidades populosas mostraram como a perspectiva de virada influencia
a mobilização e o convencimento do eleitorado, tanto para agravar as curvas
descendentes quanto para alavancar as reações.
O triunfalismo precoce, além de afrouxar o ímpeto
da militância, leva a população, já bastante incrédula e despolitizada, a
ausentar-se do segundo turno ou a optar por votos brancos e nulos, como forma
de protesto. Um quadro estatístico falso gera planos de comunicação equivocados,
que induzem determinado candidato a assumir posturas favoráveis às estratégias
do adversário. Manter Haddad imobilizado na esfera propositiva, por exemplo, sem
reagir aos inevitáveis ataques.
Fosse outro no lugar de Serra, talvez esses
perigos soassem um tanto paranóicos. Mas o estilo rudimentar do tucano e a
importância de sua vitória para o projeto oposicionista anunciam uma batalha feroz
e inescrupulosa, cuja virulência passará longe da simples manipulação de
números. Em certas situações, pessimismo demonstra sabedoria.
Nenhum comentário:
Postar um comentário