Segundo filme de Jonathan Dayton e Valerie Faris
(“Pequena Miss Sunshine”), veteranos realizadores de videoclipes. O tom
familiar desta comédia romântica, talvez adocicado em demasia, espelha os
relacionamentos dos diretores e dos protagonistas, casais de fato.
Paul Dano e Zoe Kazan (neta do lendário Elia e
autora do roteiro) conseguem superar as dificuldades dos respectivos papéis. O elenco
secundário é apenas mediano, porém, com destaque especial para Elliot Gould e
Steve Coogan. A fotografia cabe ao sempre competente Matthew Libatique, de “Cisne
Negro”.
O despojamento realista contribuiu muito para o
sucesso da cultuada estréia de Dayton e Faris. Mas essa abordagem não consegue
superar a ortodoxia estrutural do novo texto, que, apesar de seus diálogos
afinados, restringe as boas possibilidades da premissa. Para lembrar um autor
bem-sucedido no mesmo registro fantasioso (pós-surrealista?), o que diferencia os
roteiros de Charlie Kaufman é a audácia de explorar a idéia inicial até a
hipérbole e o desvario.
Um escritor que inventa uma personagem-namorada
que também é uma escritora que por sua vez também manipula esse
personagem-namorado-escritor segundo os desejos dele próprio, jogando-o num
labirinto de projeções inconscientes que fogem ao poder racional do rapaz – eis
um exemplo de coragem narrativa kaufmaniana, que teria salvado “Ruby Sparks” das amarras do gênero.
Nenhum comentário:
Postar um comentário