Épico baseado em romance de notória complexidade,
cheio de pretensões metafísicas e de lucubrações humanistas. Demanda pelo menos
duas visitas para um entendimento seguro das muitas histórias intercaladas, ou
melhor, dos elos causais que as explicam. A sensação final é de que pede um
esforço desmedido para se chegar a uma essência transcendental meio simplória,
com viés espiritualista incômodo.
São seis enredos editados em paralelo, três
dirigidos pelos irmãos Wachowski (de “Matrix”) e três por Tom Tykwer (de “O perfume”). Destes filmes os diretores trouxeram, respectivamente, Hugo Weaving
e Ben Wishaw, que produzem as melhores interpretações do elenco estelar e um
tanto subaproveitado. É interessante perceber como o material a cargo de Tykwer
possui nítida superioridade cinematográfica.
Como passatempo, transcorre bem, apesar da
extensão inusual. Há notável apuro técnico, particularmente na edição e na
direção de arte. O esforço hercúleo concentrado na maquiagem resulta desigual,
melhor do que alguns críticos acusaram, e muito além da média costumeira. Mas o
abuso do truque deixa evidentes suas próprias limitações narrativas, que os
créditos finais “explicativos” apenas reforçam, transformando um recurso
técnico acessório numa espécie de atração virtuosística à parte.
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