Thiago Mendonça está quase perfeito no papel
dificílimo de Renato Russo. Além de convencer na interpretação musical, sua
composição delicada e precisa dá coerência ao elenco problemático,
aparentemente formado para atender às semelhanças fisionômicas com os
personagens reais. Certos trejeitos dos coadjuvantes incomodam.
A estrutura episódica do roteiro podia ser mais
amarrada. Tecnicamente, porém, a produção surpreende, já na ótima animação da
abertura. A direção de arte constrói uma eficaz ambientação histórica e a fotografia
naturalista de Alexandre Ermel, trepidante e fluída, sabe utilizar as referências
visuais que o tema exige, sem cair no esteticismo fácil.
É impossível não deixar a exibição cantarolando as
músicas da Legião Urbana. O sucesso de bilheteria do filme, se confirmado,
causa a dupla satisfação de saber que Mendonça e Renato ganham o devido reconhecimento
das platéias atuais. A juventude educada pela internet talvez não tenha noção
da efervescência vivida por seus pais, na antiguidade pré-digital.
Uma contextualização eficaz pode ser fornecida
pelo documentário “Rock Brasília”, que elucida algumas passagens emblemáticas
do longa.
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