A expectativa criada e o peso estratégico da
oportunidade agravam o fracasso das manifestações de sete de setembro. O
episódio deveria suscitar uma bela autocrítica dos seus organizadores, quem
quer que sejam.
Uma comemoração nacionalista questionável, de
simbologia tenebrosa; um feriado sem grandes possibilidades de viagem; a
exposição midiática permanente; a vulnerabilidade física dos desfiles e das
próprias autoridades; a ocorrência de eventos esportivos simultâneos, que
dividiram o contingente policial – mesmo com tantos favorecimentos do acaso, o
“maior protesto da história” se resumiu a focos de pancadaria e depredação
envolvendo os mesmos grupelhos de quaisquer outros desses atos quase semanais.
Ao mesmo tempo, a aprovação de Dilma Rousseff vai
retornando aos patamares do último outono. E o cotidiano político do país se
reacomoda na pasmaceira de sempre. E a imprensa corporativa retoma o discurso
contra os arruaceiros.
Uma das muitas avaliações possíveis sobre os protestos recentes é que eles degringolaram sempre que a oposição tentou
instrumentalizá-los para desestabilizar o governo federal. Onde isso ocorreu, bastou
centrar os ataques em Dilma Rousseff (e no PT) para que a juventude se
afastasse aos poucos, restando os habituais brucutus do discurso ético difuso.
Qualquer que seja a motivação da ira coletiva, o fato é que ela não se dirige à
presidenta.
Os oposicionistas voltaram a gritar sozinhos. O
oportunismo e a falta de projeto político afastaram-nos tanto da população que
agora só lhes resta a companhia dos mascarados. Eles próprios resistentes a
comprar brigas partidárias.
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