A novela midiática em torno da tal Rede ajudou a
popularizar a candidatura de Marina Silva com uma eficácia de fazer inveja a muitos
publicitários espertos.
Talvez não houvesse mesmo outro interesse por trás
da mal encenada esquizofrenia dos analistas, que ora condenavam o oportunismo
dos novos partidos, ora lamentavam o rigor legal imposto à honrosa exceção “sustentável”.
A própria tentativa de criação da legenda soa demasiado amadora e inocente para
os personagens envolvidos.
A construção de Marina sobressaiu nos argumentos
usados para incensá-la. Seu grupo obscuro, de plataforma desconhecida e métodos
esquisitos, se transformou na esperança de renovação política nacional. Menos
de 500 mil assinaturas, num total de 140 milhões de eleitores, ganharam dimensões
messiânicas. Um distante segundo lugar (estimulado) nas pesquisas de opinião passou
a representar uma força capaz de impedir a vitória petista no primeiro turno.
A astúcia da manobra é inegável. As maiores
fragilidades eleitorais de Marina sempre foram o baixo índice de reconhecimento
popular e o escasso tempo de propaganda a seu dispor. Fatais para qualquer pré-candidato
sem grandes recursos financeiros, essas limitações sumiram durante a contínua
exposição da ex-senadora, nos horários e espaços nobres dos grandes veículos de
comunicação do país, em plena fase de alianças partidárias visando 2014.
Há poucas semanas, Marina Silva era uma figura política tristonha, ameaçada pela irrelevância, atolada num confuso esboço de
partido que não conseguia sequer legalizar-se. Hoje ela ocupa o centro das
atenções, esbanja triunfalismo e encabeça um projeto de respeitável estrutura
administrativa. Missão cumprida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário