A campanha vitoriosa da seleção brasileira no
mundial de handebol feminino foi solenemente ignorada pela mídia televisiva. Ao
menos dois canais da TV aberta (Globo e Bandeirantes) têm espaço regular na
grade para esse tipo de evento. SporTV, ESPN e Band Sports, entre os mais
conhecidos das operadoras pagas, possuem programação inteiramente dedicada ao
tema. Ninguém transmitiu um minuto sequer do torneio.
Trata-se de uma barriga histórica, tão memorável
quanto o próprio titulo das moças. Assunto para debates em cursos de jornalismo
e marketing esportivo, mas principalmente para uma boa explicação das empresas
omissas diante de seu público fiel. Faltou dinheiro? Investidores? Vontade? Esperteza?
O caso é muito mais grave do que parece. Primeiro
porque envolve concessões públicas que deveriam priorizar o interesse coletivo
e a relevância do seu conteúdo. Segundo porque insinua o rompimento do contrato
de prestação de serviços no qual o cliente paga caro para receber produtos de
qualidade (e por “qualidade” podemos entender torneios mundiais de modalidades
olímpicas com participação nacional). E terceiro, mas não menos importante,
porque escancara a hipocrisia mercantilista do apoio ao esporte que a mídia
corporativa se orgulha de fornecer.
Um pouco desse mistério é esclarecido quando
lembramos que o suporte financeiro à seleção campeã parte de órgãos do governo
federal. Detalhe relevante, mas esquecido pela imprensa especializada, talvez
porque esta seja contrária aos investimentos públicos no esporte. Ou
retornaremos, mais uma vez, à velha questão das prioridades do país?
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