sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Barriga olímpica



















A campanha vitoriosa da seleção brasileira no mundial de handebol feminino foi solenemente ignorada pela mídia televisiva. Ao menos dois canais da TV aberta (Globo e Bandeirantes) têm espaço regular na grade para esse tipo de evento. SporTV, ESPN e Band Sports, entre os mais conhecidos das operadoras pagas, possuem programação inteiramente dedicada ao tema. Ninguém transmitiu um minuto sequer do torneio.

Trata-se de uma barriga histórica, tão memorável quanto o próprio titulo das moças. Assunto para debates em cursos de jornalismo e marketing esportivo, mas principalmente para uma boa explicação das empresas omissas diante de seu público fiel. Faltou dinheiro? Investidores? Vontade? Esperteza?

O caso é muito mais grave do que parece. Primeiro porque envolve concessões públicas que deveriam priorizar o interesse coletivo e a relevância do seu conteúdo. Segundo porque insinua o rompimento do contrato de prestação de serviços no qual o cliente paga caro para receber produtos de qualidade (e por “qualidade” podemos entender torneios mundiais de modalidades olímpicas com participação nacional). E terceiro, mas não menos importante, porque escancara a hipocrisia mercantilista do apoio ao esporte que a mídia corporativa se orgulha de fornecer.

Um pouco desse mistério é esclarecido quando lembramos que o suporte financeiro à seleção campeã parte de órgãos do governo federal. Detalhe relevante, mas esquecido pela imprensa especializada, talvez porque esta seja contrária aos investimentos públicos no esporte. Ou retornaremos, mais uma vez, à velha questão das prioridades do país?

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