terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Onde está a crise, afinal?
















Quem teve o ambíguo prazer de passar pelos centros de compra às vésperas do Natal deparou com um movimento que beirava o intransitável. Não importa a natureza da oferta ou o poder aquisitivo do público: foi impossível imaginar mais carros nos estacionamentos abarrotados, mais gente nas ruas, nos corredores e nos balcões.

Eis, porém, que a imprensa corporativa aparece com balanços pessimistas das vendas, contrariando a mais rudimentar evidência empírica. Surpreso, já imaginando que aquelas multidões estavam apenas comprando sorvete ou passeando, o curioso lê as matérias com um pouco mais de atenção. E assim descobre que os levantamentos são falhos e parciais, baseados em recortes selecionados para criar a manchete negativa.

Não se trata de louvar o consumismo desenfreado, nem de ignorar as conseqüências do endividamento que muitas vezes o acompanha. Mas, se essas “reportagens” querem fazer das compras natalinas um termômetro da economia nacional, o resultado deveria ser otimista. Especialmente se levarmos em conta o desemprego que derrubou os mesmos índices em países europeus, por exemplo.

Tampouco devemos aceitar que tudo não passa de simples erro de apuração, licença subjetivista ou reprodução direta de fontes equivocadas. É mentira mesmo. Engendrada para satisfazer as previsões dos catastrofistas geniais que passaram o ano politizando o noticiário econômico dos grandes veículos.

Há, sim, uma crise de proporções inéditas. E sua principal vítima é o jornalismo brasileiro.

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