sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

“Ela”

 




















Desde o primeiro enquadramento percebemos que se trata de obra diferenciada: um rosto em primeiríssimo plano, focado apenas na superfície, com um fundo rosa, faz uma declaração apaixonada para o espectador. No final da cena, alguns minutos depois, estamos completamente imersos naquele mundo estranho, seduzidos pelo protagonista, atados ao desenvolvimento do excelente roteiro.

Há grande engenho na maneira como o universo futurista se impõe quase apenas através de elementos visuais, sem narrações em off, letreiros explicativos ou didatismos vãos. A questão “científica” desempenha um papel secundário, limitado a viabilizar as reflexões propostas pelo enredo, profundamente humano e universal. Os trabalhos primorosos de Hoyte van Hoytema (“O espião que sabia demais”) na fotografia e de Austin Gorg na direção de arte são fundamentais para esse esforço.

Um elenco menos competente mataria a base de verossimilhança imprescindível para a delicadeza da narrativa. Mas a entrega do quarteto central (Joaquin Phoenix, Amy Adams, Scarlett Johansson e Rooney Mara) e o talento de Spike Jonze ultrapassam qualquer expectativa a respeito.

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