É necessário distinguir, na medida do possível, as
diversas motivações envolvidas nos ataques à Petrobras. Existe um âmbito
financeiro, obscuro e difuso, interessado nas oscilações especulativas do
mercado acionário. Os anseios empresariais, de amplidão geopolítica, transitam
por essa esfera, mas uma não se resume à outra.
Os parlamentares têm suas próprias agendas. A base
“aliada”, pressionando o Planalto, visa extrair cargos, verbas e outros favores
úteis no período eleitoral. Os oposicionistas ganham palanques e visibilidade
com os mesmos objetivos, além de ajudarem os respectivos projetos majoritários,
unidos pelo desgaste de Dilma Rousseff.
A imprensa corporativa, por sua vez, procura associar
a perspectiva de vitória do PT a certo imaginário de crise e atribulação, brindando
as candidaturas adversárias (particularmente a do PSDB) com um viés positivo,
desenvolvimentista e próspero.
Há ainda outro desígnio na campanha jornalística.
Todos sabem que uma CPI da Petrobras teria efeitos práticos nulos, graças a seu
escancarado oportunismo, às circunstâncias vigentes no Congresso e à
fragilidade das acusações em jogo. Tanto melhor, então, que as já improváveis
apurações sobre o metrô paulista sejam englobadas por esse teatro.
Pouco importa que não ocorra a miscelânea temática
nas investigações do Congresso. Uma eventual CPI sobre a máfia do PSDB na Assembléia
Legislativa paulista, encampada por setores que jamais a defenderam quando
poderia ter resultados efetivos, está fadada ao mesmo ritual de bravatas e
bodes expiatórios. Com uma importante diferença de escopo e gravidade: aqui
existem suspeitas de tráfico de influência e pagamento de propinas envolvendo membros
dos altos escalões de sucessivos governos estaduais.
O escândalo dos cartéis demotucanos, se
verdadeiramente exposto ao conhecimento público, devastaria a boa imagem administrativa do candidato Geraldo Alckmin. A supervalorização
obsessiva do factóide Pasadena vem convenientemente neutralizar esse imenso
prejuízo, criando uma ilusória similitude entre ambos os episódios e empurrando
o PT à aceitação da impunidade generalizada.
Manobra conhecida, típica da inescrupulosa aliança
conservadora que sustenta a hegemonia do PSDB em São Paulo.
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