Um sopro de esperança para aqueles que julgavam o
cinema brasileiro entregue às globochanchadas e à diluição dos gêneros hollywoodianos.
Ou que não viam novas possibilidades fora da efervescência pernambucana.
Não que o filme se esmere na inovação e no
experimentalismo, pelo contrário. As referências são bastante claras, dos policiais
noir da década de 1940 a “Rashomon”
(Akira Kurosawa) e “Testemunha de Acusação” (Billy Wilder). Mas todas ganham
aqui uma autenticidade local e um vigor que poucas obras souberam agregar aos
grandes temas dramáticos universais.
O que mais chama a atenção nesta obra de estreante
é a segurança com que Fernando Coimbra controla visualmente a narrativa, dando-lhe
densidade sem aderir aos truques rocambolescos do suspense. Muito do resultado
se deve à direção de arte, à primorosa fotografia de Lula Carvalho, com seus
planos longos e complexos, e ao elenco talentosíssimo, que atinge verossimilhança
quase incômoda.
Merece uma chance nos festivais e prêmios internacionais.
A atuação inesquecível de Leandra Leal, principalmente, seduziria qualquer júri
do planeta.
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