segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Déficit de esquema

 













A saída do ministro Jorge Hage da Controladoria Geral da União, nesse período turbulento, deveria ter suscitado mais curiosidade jornalística. Ninguém parece lembrar que a CGU, com o Tribunal de Contas da União, possui responsabilidade constitucional de fiscalizar os contratos da Petrobrás.

É implausível que as tretas bilionárias da estatal tenham passado despercebidas pelas autoridades controladoras. Não se trata de minúcias técnicas dos contratos, pois as fortunas pagas em propinas aos diretores precisavam ser embutidas nos preços finais, onerando-os de forma acintosa.

Tampouco falamos de ladroagens furtivas. Há diversas vias protocolares para aplicar os acréscimos, desde a simples majoração dos valores contratados até aditamentos viciosos no decorrer da prestação dos serviços. Todas essas etapas exigem procedimentos técnicos, formulários e autorizações. Muito papel precisa ser assinado.

Em algum lugar deve haver pareceres, aditivos e planilhas traficando os abusos. Se não há, pior ainda, pois assim a disparidade das contas fica latente. Quem autorizou a sujeira por tanto tempo nos órgãos fiscalizadores? Onde estão os nomes da pequena multidão de intermediários que viabilizaram as ilicitudes nos labirintos burocráticos do Poder Público? E as comissões da Câmara e do Senado?

A credibilidade da Operação Lava Jato depende de respostas muito claras a essas dúvidas.

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