A imprensa corporativa tenta fazer da extradição
de Henrique Pizzolato um aval dos painhos europeus à farsa justiceira de
Joaquim Barbosa. É fácil perceber a fragilidade da versão e o nível do
jornalismo que a endossa.
A decisão retalia a negativa brasileira em
deportar Cesare Battisti. O caso constrangeu o governo italiano, ferido no
orgulho nacionalista e na imagem de lisura das suas instituições judiciais. O
troco viria na melhor oportunidade, e não é demasiado supor que a captura de Pizzolato
rendeu esforços dobrados para servir a esse propósito.
Paradoxalmente, devolver o embaraço ao Planalto
exigia certa violação do princípio diplomático da reciprocidade. Tratado lá
como Battisti foi aqui, Pizzolato ficaria na Itália. E mancharia ainda mais a
sanha condenatória do STF no tal “mensalão” petista, admitindo a dúvida cruel acerca
de um julgamento viciado.
O grande estímulo da retaliação é causar
desconforto na sociedade brasileira pelo governo Dilma não seguir o exemplo, recusando-se
a deportar Battisti. O fato de os italianos atingirem esse objetivo
contrariando hábitos e normas das relações internacionais e usando a
justificativa de “virar a página” prova a malícia do gesto.
A luta do nosso Ministério Público para servir como
instrumento de vingança geopolítica estrangeira é um retrato da esquizofrenia
institucional que abala o Judiciário. O aplauso acrítico da mídia sugere até
onde isso pode chegar.
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