A desmoralização de Eduardo Cunha coloca os planos
golpistas em cheque. Obrigada a afastar-se do seu testa-de-ferro, a oposição
perde um atalho à maioria parlamentar que poderia derrubar Dilma Rousseff a
qualquer momento. No mínimo, fica impedida de brandir esse privilégio.
Restam três alternativas aos viradores de mesa.
A primeira seria transformar Cunha numa versão
apocalíptica de Roberto Jefferson, dedicada a causar o maior estrago possível
no governismo. Essa via dificilmente sobreviverá ao isolamento gradativo do
peemedebista, ao fisiologismo do baixo clero e à associação do impeachment com
o ânimo vingativo de um suspeito.
A segunda hipótese exigiria que um tucano ou
assemelhado se apresentasse como líder substituto da causa. Mas a falta de
consenso no PSDB e o receio de assumir a vidraça da “crise” dificultam ações
partidárias num plano arriscado e pretensioso demais.
Já a terceira saída reside em forçar iniciativas
externas (TCU, Ministério Público, Judiciário) que transformem a deposição de
Dilma num desdobramento inevitável da luta anticorrupção. Embora poderosa, a
tática tem seus limites. O vergonhoso inquérito contra Lula, rechaçado até por
juristas conservadores, mostra o perigo do atropelo judicial fortalecer suas
pretensas vítimas.
Nas próximas semanas, por falta de uma opção
sólida, o golpismo tende a combinar todas as estratégias citadas. Seus
defensores se consolarão dizendo que preparam as manifestações de agosto, coroação
da investida antidemocrática.
Mas a realidade parece bem menos favorável a eles.
O recurso a vários estratagemas complicados denota fraqueza e, pior, falta de
confiança num caminho viável rumo à deposição de Dilma. É muito desespero para
um projeto dessa envergadura.
Se o governo e seus apoiadores conseguirem refrear
a previsível histeria do golpismo ferido e acuado, até o final do ano o bicho
definha e vira tapete.
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