sexta-feira, 14 de agosto de 2015

A função dos protestos












As próximas manifestações promovidas pela imprensa corporativa e por setores da direita organizada marcam a etapa culminante da agenda golpista. O resultado publicitário do movimento norteará as manobras institucionais do impeachment.

Essa lógica soa trivial, mas é tão séria e elucidativa que tem sido sistematicamente ocultada pela mídia. O projeto da deposição de Dilma Rousseff precisa do apelo das ruas porque, sozinho, nas esferas judiciais e legislativas, tende ao fracasso.

Não porque faltem oportunistas antidemocráticos no Judiciário e no Congresso, pelo contrário, mas porque essas facções não conseguiram inventar bases razoáveis para o impedimento. E ninguém está disposto a assumir a conta de um golpe descarado que se apóie em ilações e trivialidades técnicas.

A dificuldade transparece na mudança de postura dos organizadores dos atos, que passaram a exigir a renúncia da presidente. Então os próprios indignados perderam a convicção na tese do afastamento inevitável? Agora Dilma só sai se quiser?

Toda essa esquizofrenia parece diluir-se na imagem positiva e solene que a imprensa fornece das passeatas. A propaganda do fenômeno popular espontâneo serve de escudo para o envergonhado ímpeto antidemocrático dos seus líderes.

Mas a estratégia tem um problema difícil de resolver: quanto mais radicalizados ficam os manifestantes (e o submundo violento que os acompanha), menos atraentes eles se tornam para as pretensões salvacionistas do golpe. Em outras palavras, escancaram a verdadeira essência do golpismo de gabinete.

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