A princípio lamentei a ideia, que me parecia
demasiado negativa para a imagem de Lula e temerária do ponto de vista
jurídico. Desconfiava também que a oposição queira arrastá-lo para o núcleo
governista, abatendo todos juntos numa única investida, com o reforço valioso
do Congresso Nacional.
Importante salientar que essa questão jamais
envolveu problemas de cunho moral. Lula não é réu, nem sequer indiciado, e tem
tanto direito de ser ministro quanto qualquer cidadão do país. Mais até do que
muitos parlamentares, governadores, prefeitos e secretários que exercem os
cargos mesmo sendo alvos de processos.
Ainda que houvesse aí um dilema ético, o
Judiciário tratou de resolvê-lo. A perseguição a Lula virou uma farsa kafkiana,
tomada pelo ressentimento, onde as provas e o bom senso ocupam lugar
secundário. A tal ponto que o discurso “legalista” só vê o foro privilegiado e
ignora os escandalosos desvios legais dos grampos de Sérgio Moro e da Polícia
Federal.
Mas o grande aval à ida de Lula para a Casa Civil foi
dado pelo próprio desespero em barrá-la. O ex-presidente afinal configura uma
ameaça ao golpe liderado por Eduardo Cunha. E, talvez ainda mais importante,
pode ganhar aquele papel pacificador que tanto seduziu os oportunistas conspiradores.
Os desvarios do golpismo fizeram do ministério de
Lula a trincheira final para a tentativa de destruí-lo. Anularam, portanto, os
últimos resquícios técnicos do seu justiciamento, dando-lhe um caráter essencialmente político. Permaneço em dúvida sobre os resultados, mas admito
ser a única maneira de tornar a disputa menos desigual.
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