Incapaz de enfrentar comparações entre os governos
petistas e seus antecessores, a direita procura deturpá-las com o estigma da
corrupção.
Numa apropriação muito sugestiva do slogan
lulista, nasce a ladainha do “nunca antes houve tanta safadeza no país”.
Afinal, as ilegalidades hoje repudiadas pela sociedade não apenas foram criadas
pelo PT, mas atingiram níveis inéditos sob seu comando.
Para desqualificar tamanha bobagem, podemos até
excluir os famigerados José Sarney e Fernando Collor do retrospecto. Mesmo
restrito aos oito anos de FHC, o precedente escandaloso ultrapassa todos os
padrões atuais.
Foi sob administração tucana, por exemplo, que
Nestor Cerveró, Delcídio Amaral (então filiado ao PSDB) e outros réus da Lava
Jato iniciaram suas articulações diretivas na Petrobras. Uma única transação
suspeita, de 2002, teria rendido R$ 100 milhões em propinas. Esse aporte parece
modesto, porém, diante da dinheirama que lubrificou as verdadeiras ladroagens
da época.
O viciado contrato do Sistema de Vigilância da
Amazônia custou US$ 1,4 bilhão ao erário. O socorro a bancos falimentares, que
envolveu aliados de ACM e subornos a deputados da base (citados na “pasta
rosa”), levou mais de R$ 13 bilhões (o dobro do caso Petrobrás atual). As
fraudes na Sudam e na Sudene atingiram R$ 17 bilhões. A quadrilha dos
precatórios do Departamento de Estradas de Rodagem desviou cerca de R$ 130 milhões.
Mas nenhum desses absurdos bilionários se equipara
ao dano financeiro causado pelas privatizações do período: Companhia Vale do
Rio Doce, Embratel, Companhia Siderúrgica Nacional, Sistema Telebrás, Embraer,
etc. As jogadas para viabilizar os esquemas (injeção prévia de recursos,
financiamentos com verbas públicas e moedas “podres”, valores deixados em
caixa, dívidas perdoadas) chegaram a R$ 88 bilhões.
Quase todos os casos foram ignorados pelo então
procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, com uma regularidade e um
despudor que lhe renderam a carinhosa alcunha de “engavetador-geral”. Basta
saber que mais de 450 inquéritos foram engavetados ou arquivados pela PGR até
2001, inclusive contra 11 ministros e o próprio FHC. Hoje
parece absurdo, não é mesmo?
Eis a diferença entre os escândalos de FHC e de
Lula-Dilma: até 2003, o Judiciário nunca ousou averiguar, menos ainda punir, as
falcatruas envolvendo o PSDB. E continuou seletivo depois, no seu surto de
moralismo antipetista.
Portanto, os desvios não eram menores no passado;
eles apenas gozavam da tolerância das cortes e do silêncio da mídia corporativa.
E são essas as fontes atuais da narrativa ultracorrupta dos governos petistas.
2 comentários:
Perfeito! Posso compartilhar?
Oi Anônimo, fique à vontade!
Abs
Guilherme
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