Publicado no Brasil 247
A fase decisiva de prevenção ao golpe começa agora.
O Senado aprovou a abertura do processo por 55 votos, apenas um a mais do que o
necessário à condenação final. Vários senadores favoráveis ao julgamento afirmam
que não se decidiram a respeito. Basta que dois deles recuem e o impeachment
acaba.
As manifestações públicas da esquerda nunca foram
tão necessárias. Bem organizadas, pacíficas e numerosas, podem refrear a
narrativa triunfante do golpismo e evidenciar a impopularidade de Michel Temer.
Outro meio de atuação ficará a cargo da militância
digital. Por exemplo, pressionando os senadores, divulgando o caráter golpista
do impeachment, rebatendo o discurso apocalíptico da crise econômica ou
denunciando as pizzas judiciais que estão no forno.
Embora não cultive grandes expectativas de
vitória, antevejo bons frutos no Senado. Ali o impeachment será exibido em sua nudez ilegítima, trazendo à memória a péssima impressão deixada pela Câmara. E haverá
o desgaste já perceptível do governo interino.
Ricardo Lewandovski, presidente das sessões,
cumprirá papel importante em manter o foco na legalidade do processo. A
crescente escandalização internacional reforçará esse aspecto no imaginário
“republicano” dos senadores. Boa parte deles, aliás, tem admitido a falta de
base estritamente jurídica para a deposição.
Resta, portanto, uma etapa crucial da disputa,
quiçá a mais equilibrada de todas. A ausência de Eduardo Cunha e a agenda
antipopular de Temer anunciam um ambiente de divisão e desgaste que o Congresso
não vivia nas fases anteriores.
A mídia corporativa se esforça para encerrar a
questão, tentando convencer o público de que Dilma não teria condições de
retornar. Mentira, típica propaganda golpista, que apenas demonstra o receio de
enfrentar a resistência democrática.
O derrotismo antecipado da esquerda é a última
barreira que o impeachment precisa transpor para sua concretização.
Nenhum comentário:
Postar um comentário