segunda-feira, 16 de maio de 2016

A luta possível

 













Publicado no Brasil 247

A fase decisiva de prevenção ao golpe começa agora. O Senado aprovou a abertura do processo por 55 votos, apenas um a mais do que o necessário à condenação final. Vários senadores favoráveis ao julgamento afirmam que não se decidiram a respeito. Basta que dois deles recuem e o impeachment acaba.

As manifestações públicas da esquerda nunca foram tão necessárias. Bem organizadas, pacíficas e numerosas, podem refrear a narrativa triunfante do golpismo e evidenciar a impopularidade de Michel Temer.

Outro meio de atuação ficará a cargo da militância digital. Por exemplo, pressionando os senadores, divulgando o caráter golpista do impeachment, rebatendo o discurso apocalíptico da crise econômica ou denunciando as pizzas judiciais que estão no forno.

Embora não cultive grandes expectativas de vitória, antevejo bons frutos no Senado. Ali o impeachment será exibido em sua nudez ilegítima, trazendo à memória a péssima impressão deixada pela Câmara. E haverá o desgaste já perceptível do governo interino.

Ricardo Lewandovski, presidente das sessões, cumprirá papel importante em manter o foco na legalidade do processo. A crescente escandalização internacional reforçará esse aspecto no imaginário “republicano” dos senadores. Boa parte deles, aliás, tem admitido a falta de base estritamente jurídica para a deposição.

Resta, portanto, uma etapa crucial da disputa, quiçá a mais equilibrada de todas. A ausência de Eduardo Cunha e a agenda antipopular de Temer anunciam um ambiente de divisão e desgaste que o Congresso não vivia nas fases anteriores.

A mídia corporativa se esforça para encerrar a questão, tentando convencer o público de que Dilma não teria condições de retornar. Mentira, típica propaganda golpista, que apenas demonstra o receio de enfrentar a resistência democrática.

O derrotismo antecipado da esquerda é a última barreira que o impeachment precisa transpor para sua concretização.

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